Às vezes creio ter dificuldade em lidar com a ficção e a realidade. Parece que algum ácido invade minha cabeça e balança tudo, mistura, levanta uma poeira que cobre qualquer visão dos fatos e, quando ela baixa, estão lá, todos eles, lado a lado, sem distinguir verdades de mentiras, ou reais de ficcionais. Não raro a sacudida é tão forte que traz lembranças também. Elas vem de algum lugar inóspito e de difícil acesso. Aí, claro, a bagunça é geral. Tudo misturado. Sinceramente não tenho condições de fazer uma nova separação. E nem quero.
Pois na Bahia, tão quente e linda, tão viva e rica em quase tudo: cultura, arte, sol, praia, pessoas, terra de Jorge Amado, de excepcionais cantores, onde em qualquer boteco encontra-se boa música e sempre guarda tão boas lembranças, o Tribunal sei lá de que, fez uma licitação para comprarem tapetes persas. Isso mesmo, da Pérsia. Sabe-se, são hoje os confeccionados a mão em países como Irã e Iraque, levam alguns anos para ficarem prontos e custam uma pequena fortuna. Não seria preciso nem salientar que a justiça baiana é a mais lenta de toda república e isso já seria um absurdo. Os senhores juízes ou promotores, desembargadores ou sei lá quem mais, querem pisar seus sapatinhos de couro de crocodilo, que compraram com seus merecidos salários oriundos de nossos impostos, em tapetes persas que não seriam comprados com seus merecidos salários, mas com o dinheirinho igualmente oriundo de nossos impostos.
Justiça. Essa é a palavra. Pois este tribunal, o lento, melhor: o mais lento, lançou inclusive o edital para a compra dos tapetinhos. Isto é justo? É certo que eles gastem fortunas para pisar em cima? Enquanto... Bem, vocês sabem todo o resto, tudo que vem depois do "enquanto". Pensei inclusive em não escrever sobre isso por medo. Isso mesmo: medo. Provavelmente quem tem uma idéia tão legal de gastar o dinheiro dos outros, certamente deve deixar a lerdeza de lado na hora de atacar. Sei lá, um processo não seria bem-vindo. Ainda mais que eu perderia. Membros do judiciário estão acima da lei. Eles e os banqueiros. Vida boa dessa gente em que lei é para os outros. A propósito: o juíz que mandou prender o Dantas (nosso mais popular dono de banco) por duas vezes, para logo depois o amigaço dele, presidente do Supremo, liberar, foi ameaçado pelos colegas que fazem a defesa do injustiçado com um processo. Pôxa, que gente séria e braba. Rigorosa.
Bem, pelo menos alguém de bom senso lá de Brasília mandou que a bandalheira fosse encerrada e por enquanto os tapetes não serão do Irã. Talvez do Egito. Eles também são belíssimos mas tem o defeito de não serem tão caros. Carpete não. Isso é coisa de quem usa tênis e não sapatos italianos de couro de crocodilo. Por favor, não vamos exagerar.
Mas, sabe por que escrevi sem receio algum? Por que isso é ficção. Evidente que não aconteceu nada nem parecido. Deve ter sido o começo de algum conto de terror, em que a população invade o tribunal e assassina todos os togados, fazendo julgamentos rápidos e condenações mais rápidas ainda, manchando de vermelho os lindos tapetes coloridos e as becas negras.
Com a bagunça generalizada, esse delírio maluco da minha imaginação doentia ficou ao lado das notícias dos jornais. Ainda bem que me dei conta disso, senão poderia escrever uma injustiça.
Tapetes persas em um palácio de justiça, que está lá para servir o povo. Putz, vou ter que me cuidar com meus delírios ou corro o risco de cair no ridículo. Isso acontece com Husseins, Imeldas, Elizabeths e gente assim. Não com Mellos, Mendes ou Genros.
Imaginem se eu usasse microponto. Aí os presidentes dos tribunais super-faturariam obras faraônicas desnecessárias ou delegados seriam perseguidos e juízes intimidados pelo dinheiro e o poder. Chega a ser até engraçado.
Ou não?
16 comentários:
beto meu amigo, se charem-te ao fórum, irei contigo, vestirei meu terno risca-de-giz e meu chapéu de abas grandes, para que possa tapar-me a testa.
entraremos no fórum de mão dadas e quando tudo acabar, quem sabe estaremos presos, no entanto, depois de presos não teremos mais quase nada para perder.
então imagine, de que é capaz um homem que não tem mais nada a perder?
provavelmente começaríamos um motim, e com a ajuda de uma peca safada, arrumaríamos um celular;
em troca de alguns tapas ganahríamos comparsas;
e quem sabe depois de presos, não madaríamos nossos soldados tomarem de volta o dinheiro que é do povo e foi investido em tapetes.
mas também, quem sabe, podemos meter medo nesses fedorentos e mostraremos através destes textos que com a gente ninguém brinca.
é claro que prefiro as ações inteligentes como essa que tomou, postando doa a quem doer, mas acredite amigo, seja qual for o desfecho dessa estíria, estaremos de mãos dadas nesse embate.
sorte e luz.
desculpe pelos erros de digitação, mas eu também perco a calma, às vezes.
abraço.
Mas é isso mesmo, amigo. Raiva. Dá raiva desta gente.
Chega a ser engraçado sim... sabe o velho ditado... rir pra não chorar, né?
Tristeza...
Abração
Toma cuidado com a máfia dos magistrados, ahn?! Eles podem agir diante da lei mas também sabem agir por detrás dela... Você seria facilmente eliminado por um pistoleiro desses que atuam ainda como seguranças dos próprios...
Dancei Beto
Saiu do meu escopo, como dizem meus queridos amigos do Brasil terra essa que me apaixona, e ainda so conheci Sao Paulo, bom e a ilha Bela :-D
Em Portugal dou comigo tambem a delirar com coisa que "não" são, vendo vendo coisas que nao sao concerteza, com certeza, com certeza, nao podem ser, seria ridiculo se fossem, estariamos todos loucos, nos os politicos, a naçao, os tribunais, todos... tudo.
Fechos os olhos, respiro fundo e digo para mim apenas... isso não é verdade, viro as costas parto noutra direcção e fico engolindo em seco o resto do meu dia.
Olha pro Condor que eu invoco as minhas queridas Gaivotas.
Fica bem amigo.
Beijo pra ELA ;-)
Olá, Beto. Depois de algum tempo venho visitá-lo. Acho visita virtual, assim, super o máximo. Apareça no meu blog também. Gostei do post, da ironia toda.
Beijo,
Carpe Diem!!!
Nossa, ainda bem que você imaginou tudo, eu já estava me coçando aqui pra meter bronca no Livro do Ódio, imagina só...
Acho que você criou também um país imaginário porque vivemos no Brasil, um país pobre onde muitos morrem de fome ou de ignorância, outros morrem de miséria mesmo, pura e simples.
Num país como o Brasil isso seria impensável, comprar tapetes persas ou qualquer outro luxo semelhante com o dinheiro suado do trabalhador, dinheiro esse destinado a pagar remédio, gás, educação, merenda e outros que tais para a população que não tem nem onde cair morta e por isso vive da caridade do governo, já que emprego para garantir vida decente não consegue mesmo, com a parca educação que as escolas públicas fornecem hoje em dia.
Não, meu amigo, você deve estar ficando louco. Situação como essa só mesmo nos seus delírios, aqui no Brasil tenho certeza de que isso jamais aconteceria.
Devo sofrer do mesmo mal, Beto. Porque tenho dificuldade em entender ou enxergar a importância de tapetes em palácios e pessoas andando na lama. Acho até que a culpa é toda da geração passada. Meus pais ou avós. Nasci com sérios problemas em aceitar informações. E pensar que tem gente boa que mora em Brasília e também bons políticos. Eu acredito em milagres. E ainda fujo com o circo.
Beijos.
Sim. Chega a ser engraçado.
É, vamos ao circo!
Abraço, Beto.
Continuemos...
Dezenas de pistoleiros baianos, olhos amarelos, caçando blogueiros indesejados por esse Brasil.
Placas de "wanted" (tinham que imitar o Tio San, sabe como é) espalhadas pelos pampas gaúchos e, por que não?, pela serra Catarinense...
Beto Canales sendo preso, ao son de "Morte!morte! morte!morte!" vinda da população manipulada, que ainda chama Getúlio de "o pai dos pobres"...
Acho que devo manter meu machado afiado.
Abç.
Acho que não.
Só é comédia se não quisermos falar em tragédia.
Mas de uma coisa eu tenho certeza, Beto: a justiça dos homens é falha, mas existe uma justiça (essa sim, realmente justa) maior, mais ampla e irrevogável.
E desta justiça, meu amigo, ninguém escapa.
Quem viver, verá.
Grande abraço
:)
não, definitivamente, Canales.
E é melhor acreditar fielmente que isso não passa de um surto, de um desvio insano de imaginação.
É melhor acreditar nisso todo dia, toda hora, toda vez que ligar a tv e pegar o jornal.
E é melhor achar engraçado,caso contrario não aguentamos o tranco.
Besos querido
Enfim, li teu texto, os comentários, e ainda não sei se é verdade, ou não.
Mas isso realmente não importa.
Há coisas bem piores, por baixo desses tapetes, Beto.
Você falou uma coisa que eu sempre tenho dito: justiça e bancos, bláaaaaag, arg!
Não sei se estarei por aqui quando a sujeira dessas instituições vierem à tona, mas vai ser coisa muito feia.
Aliás, já está começando a aparecer a ponta do iceberg, e já tá empestando o ar. Imagine quando estourar.
É profundamente lamentável, de chorar, mesmo. Mas infelizmente é verdade. Essas instituições estão podres, roubam a paz, o dinheiro, as economias, a boa vontade e a saúde do povo. E sempre com um sorriso kolinos nas caras deslavadas.
Bá. Até vou parar por aqui, porque hoje estou bem, e não quero terminar o dia azeda e com a gastrite pulsante.
Dez pra você, Beto.
Grande beijo
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