A Descoberta de Uma Vida!

Os anos trazem reumatismos, caduquices, decreptudes e outras coisinhas mais. É certo. Mas com tudo isso, na maioria das vezes, vem junto a sabedoria e, num pensamento estilo "custo & benefício", acho que o resultado é um emblemático empate. Zero a zero. Isso porque o saber vale muito, muito mesmo. Sem ele seríamos o que? Nada! O vácuo da existência. O vazio.
Pois não pertenço a minoria. As dezenas de anos que estou por aqui trouxeram-me conhecimento - pouco, é verdade - mas o suficiente para fazer a maior descoberta de minha vida. Algo que pode mudar o destino de qualquer um, inclusive o seu, de uma maneira fantástica, quase sobrenatural.
Primeiro, confesso novamente: já fiz todo tipo de dieta. A da abobrinha (como-se de tudo menos abobrinha), a do telhado (como-se o que der na telha), a do líquido ( ingere-se apenas líquido - eu escolhi cerveja - por uma semana), a da carne branca (come-se somente , óbvio, carne branca - eu escolhi toucinho) e tantas outras sem nenhum resultado. Para não me afastar da verdade, com algumas até engordei um pouco. Mas, enfim, dia desses descobri a fórmula da magreza. E nem é tão difícil.
Eu estava em um restaurante, destes que tem dois níveis, atrás de um bem servido prato. Batatas fritas alegres e soltas ao lado de um suculento filé - meio zangado, pois tinham colocado um ovo que estourou a gema em cima dele - esperavam pacientemente pelo meu ataque. Assim começou a revelação. Encarei a carne, como desculpando-me pela atrocidade que o cozinheiro havia cometido, e, quando levantei os olhos para enxergar um pedaço do ovo já estraçalhado no meu garfo - uma espécie de vingança - enxerguei as pernas. Duas. Em baixo da mesa. Eram de uma moça, sentada no nível acima, portanto em linha reta com meu garfo, e estavam cruzadas. Não vou exagerar, mas se eu pegasse a tíbia, faria uma bengala. Eram compridas e lindas e "desvestidas" com uma micro saia. E magras. Quando me dei conta disso, juro que ouvi uma risadinha irônica que vinha do ovo - uma espécie de contra vingança, talvez - e resolvi agir: continuei olhando. Devo ter demorado uns cinco minutos até chegar ao final delas - das pernas - para chegar na mesa. Passei rápido e acima somente o rosto. Estou sendo injusto. Não posso chamar aquilo de rosto. Era de uma beleza divina, além da raça humana, mais que sublime. Ela olhava longe, para o nada, para o infinito. Seus olhos brilhavam, eles verdadeiramente sorriam. Ficamos ali, todos nós, eu, as batatinhas, o filé e o ovo pendurado admirando felizes aquilo tudo, imaginando o que ela via lá no horizonte, quando, subitamente, a revelação.
O mesmo que eu fiz (pareceu até um de nós) ela fez: pegou um pouco de comida (verde) com o garfo, levantou na altura da boca e, ao mesmo tempo que seus olhos foram baixando e suas feições mudando, eu fui percebendo. Quando ela viu a comida, imediatamente transformou-se em uma.... uma... mulher linda com cara de nojo. Isso mesmo: ela desceu dos céus, onde vive, chegou até o subsolo onde, nós, mortais, vivemos, e, olhando para aquele garfo rodeado de vegetais esverdeados, fez cara de nojo. Nojo! Com ponto de exclamação e tudo.
Eu e o ovo nos olhamos intensamente. Lembrei que vi modelos na televisão fazendo a mesma coisa. Bingo! Este era o segredo. Cara de nojo. Deve-se comer fazendo careta. Esse é o caminho para uma boa vida. Entortei a boca para o lado, coloquei a língua um pouco para fora, baixei as sobrancelhas, emiti um grunhido, algo como arghhhrsslh, e condenei meu parceiro branco e amarelo - algo como contra contra vingança - aos confins do intestino. E assim com o resto. Sofri muito, quase chorei - na verdade fui às lágrimas - para fazer igual com as batatinhas e o filé, mas, afinal, com saúde não se brinca. Saí do restaurante sentindo-me super bem. Comi uma banana split, com bastante chantili, para comemorar a descoberta. Sempre, claro, com aquela expressão que eu faria se tivesse que comer lesmas.
Planejei uma macarronada (como se fossem minhocas) com molho aos quatro queijos para esperar o efeito. E de sobremesa alfajores de chocolate (ranho).
Nada como ser magro e saudável. E têm mortais que ainda fazem dietas.
Blerg pra eles!



7 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

e eu todo esse tempo devorando tudo com um sorriso abobado e calórico nos lábios...
hahahhaha

;*

Beto Canales disse...

Sorriso calórico... muito bom...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Silvares disse...

É, quando as décadas de vida chegam por volta do número 4 a barriguinha diz que veio para ficar. O corpo tem de compensar; o cabelo vai indo, a barriga vem chegando. É justo. Mas sempre te digo, há comidinha que não consigo olhar com ar de nojo... por mais que tente e queira. Amores antigos!
:-)

Letícia disse...

Vou dizer... eu como e muito. E já me preocupei com dietas e frequentei até academia. Graças a Deus, voltei ao normal. Sejamos saudáveis, mas sejamos humanos também. Tem mulher tão magra que parece uma vareta. (Nada contra!!!)

E você fala como se fosse um velho de 100 anos. ¬¬

Ricardo Valente disse...

muito bom (que POBLEMA)