Resenha de A vida que não vivi



Danika, do site Por Trás das Letras, escreveu uma resenha do meu livro. Não resisti e aí está ela:


Sobre mortes e vidas

Trata-se de uma compilação de 18 contos, onde de modo geral falam sobre o modo como várias vidas são desperdiçadas de diferentes modos, como algumas pessoas vivem tão superficialmente, ou como são forçadas, não a viver, mas a sobreviver em um mundo cruel. É um livro bastante denso, isso você percebe logo pela capa… uma imagem forte e dramática de um corpo estendido no chão com uma tarja nos olhos.

São contos que falam sobre drogas, bebida, sobre pobreza e miséria, sobre loucura, hipocrisia, culpa, traição, poesia, contos sobre morte, mas também sobre vida.

Eu sempre gostei de leituras desse tipo, mais críticas e politizadas. Acho importante de vez em quando nos afastarmos do mundo de fantasia e finais felizes perfeitos, para ler algo que nos mantenha conectados com a realidade, por mais dura que ela seja. É algo que é necessário. Mas apesar do conteúdo dos contos ser tão assim, digamos, ácido, Beto consegue lidar com as palavras em suas narrativas de um modo muito bem equilibrado. Muitas vezes é como se ele conseguisse extrair uma poesia de noticiarios de jornal e TV. Algumas personagens merecem sem dúvida alguma maior destaque, são eles Paloma do conto “Paloma e sua escolha” e o poeta e o bêbado do último conto do livro.

Paloma, prostituta que começa a escrever um diário e tem a oportunidade de se tornar dona de casa e esposa, mas prefere a sua liberdade.

“Meu tempo não está a venda, meu corpo é que está” diz ao se negar a ouvir lamúrios de um cliente.

Um poeta que mesmo sem aplausos e reconhecimento segue vendendo sua poesia diariamente. Um bêbado compassivo tenta ajudá-lo. No fim, o bêbado que dorme todas as noites na mesma sarjeta apenas para ouvir as declamações do poeta consegue passar um dia sóbrio, veste-se bem e arma um estratagema para que enfim, o poeta seja ovacionado. Ele finalmente consegue, mas o poeta sai mas triste do que nunca, porque eram aplausos vazios, secos, e não de reconhecimento pelo seu trabalho… e quantos artistas hoje não se identificam com o poeta do conto?! Eu mesma não sou mas me identifiquei com a estória porque é a mais pura verdade, é o reflexo da desvalorização do artista e sua arte. O artista/poeta/escritor/pintor que é bom, muitas vezes é até o melhor naquilo que faz mas não consegue se manter de sua arte, além de toda a exploração que gira entorno dele.

Destaco ainda o capitulo Antítese com um dos contos mais crus que já li.

A Vida que não Vivi (2009) lançado pela Redondezas Contos, selo da Editora Multifoco não é o livro feito para divertir ou alegrar, é livro feito para se discutir, para se pensar a respeito, para se trabalhar em sala de aula com seus alunos, é um retrato da realidade social brasileira.

E termino a resenha com a mesma frase de fechamento do livro.

“As pessoas continuam sem ler uma poesia sequer”


Super – Recomendo!
Portrasdasletras.net

5 comentários:

Dani Marreiros disse...

Só tenho a agradecer por me proporcionar uma leitura tão boa, Beto. E meus parabéns pela nova empreitada, espero que consiga lançar ainda muitos e muitos livros, e que todos sejam um sucesso!
Abraços.
=)

Onofre Dias disse...

Palavras muito pertinentes.

Bolacha Maria disse...

Que legal Beto!!! Fico muito feliz por vc sabia ??!!! Abração. Bom Finde.

Silvares disse...

Uma resenha justa! Ainda ontem reparei no livro, na minha estante. Um dia destes vou reler.
:-)

André disse...

Realmente muitooo bommmm