Somos um povo estranho

Definitivamente somos um país estranho. 
Povo, leis, mandantes, enfim, tudo muito estranho e peculiar.
Poderia citar centenas de exemplos desde os tempos que fomos "acusados" de não sermos um país sério, por Charles de Gaulle e - cá entre nós, não somos mesmo - mas creio que apenas um exemplo, acontecido ainda esta semana, ilustrará perfeitamente minha teoria.

Uma juíza do estado do Pará manteve uma adolescente de 15 anos presa em uma cela com 30 detentos, por quase um mês.
Não bastasse uma menina ser presa com adultos, não bastasse o fato de misturar gêneros em uma mesma prisão, neste caso numa mesma cela, fato inédito no planeta inteiro, onde homens e mulheres são detidos separadamente por questões óbvias, a menor foi violentada e torturada durante o tempo de detenção. Isso ocorreu a cerca de uma década.
Muda para o Paraná.
Um Juiz Federal, de primeira instância, Sérgio Moro, responsável pela prisão de grandes empresários corruptos, empreiteiros bilionários, donos de empresas como UTC, Odebrech e Queiroz Galvão, responsável também pela prisão de políticos que sempre usurparam os cofres públicos, que sempre nos roubaram sem dó, originando tantas mazelas em nossa empobrecida nação, responsável também pela recuperação de - até agora - cerca de quatro bilhões de reais aos cofres públicos, é perseguido não só pela clã político do país, os atuais e os depostos - tudo farinha do mesmo saco - como também pelos seus pares.
Muda para o Brasil, a piada pronta.
Pois o CNJ, "Conselho Nacional de Justiça", possui 12 ações para investigar o juiz Moro por sua atuação na Operação Lava Jato, essa mesma que coloca os grandes ladrões na cadeia, depois de quase dez anos do fato ocorrido no Pará puniu "severamente" a juíza responsável por terminar com a vida de uma menina, dando a ela umas férias de 24 meses, isso mesmo, dois anos, com todos os direitos garantidos, inclusive os financeiros, para que V.Excelência pense no que fez em uma viagem pelo mundo, talvez. 
Oras, por que não?
Afinal, nós pagamos tudo.
E sem reclamar.
Além de estranhos, de sermos uma piada de gosto duvidoso, nós somos medrosos, covardes.
E a previsão é simples: tudo irá piorar.
Bem feito pra nós!