Há dias em que somos produto daquilo que fazemos ou vemos. Nossas reações dançam de rosto colado com as nuances destes momentos. Atualmente, como mais vemos do que agimos, isso se torna cada vez mais freqüente. E tem de tudo. De tudo e mais um pouco. É uma oferta visual estarrecedora, um oferecimento ofensivo, persuasivo. E, claro, não somos de ferro (exceto o Iron Men) e tampouco indiferentes ao que nossos olhos vêem, então viramos conseqüência disso tudo. Já que falei em super-herói, continuamos com um deles: Batman. É de estarrecer. Tenho um amigo de 8 anos que disse não ter dormido por uma noite depois de ver o filme. Eu provavelmente ficarei insone por meses. É não só o melhor filme da série como um dos melhores em geral dos últimos tempos. Uma obra quase completa com pouquíssimas falhas, na qual retiro as que mais são erradamente apontadas, de como o Coringa espalhou bombas por toda a cidade ou por um hospital sem que ninguém visse (e aproveito para lembrar estes críticos que trata-se de um filme do Batman, que se este tipo de coisa for taxada de falha, o filme sequer começa, ou acham plausível que um sujeito se fantasie de morcego e pule do vigésimo andar sem se machucar? Ou que suma para lugar algum depois de uma conversa qualquer?) . As pressões humanas e nossos limites, a crueldade e a tolerância e até onde somos ou não bons (mocinhos, neste caso), são tratados de maneira adulta e inteligente. Na verdade, duas constatações: primeiro, não é para criança e segundo, o filme é sobre o Coringa. Desde a interpretação fantástica de Heath Ledger ( o cara merece o oscar mesmo que póstumo) até a densidade psicológica da personagem, construiram o verdadeiro Cavaleiro das Trevas. Na cena final, onde o Duas Caras (um dos melhores efeitos e maquiagem que vi) olha ao comissário e diz para ele falar ao filho - um menino dos seus 8 ou 9 anos - que nada de ruim vai acontecer, e ele obedece sabendo que aquilo era mentira (cena relacionada ao que aconteceu ao próprio carrasco de agora quando sua namorada morreu, desencadeando boa parte da trama) é pesada. Desesperadora, eu diria. Aquele ambiente escuro, nostálgico até, próprio dos filmes do Homem Morcego, conspiram para tudo ser ainda mais denso. É de chorar e, claro, eu chorei. O filme deveria terminar nesta cena. Pra mim, terminou. Depois disso, sexta-feira, Buarqueanas. Uma peça inspirada nas personagens femininas de Chico Buarque. Eu creio que o pulo do gato seria interpretar essas mulheres sem o Chico por perto. Ana, Lígia ou Barbara tem vida própria. Imaginem elas sem o dedo (a música, especificamente) por trás? Seria interessante. Mas a peça, não levando em conta que começou com atraso, quase uma obrigação em palcos gaúchos, ao que parece, e não levando em conta também cenas muito circenses, que definitivamente não são do universo feminino de Chico, vale a pena. De muito bom gosto e muito bem interpretada. Quanto a trilha, nem ouso comentar. Na vez da Geni, aquela que é feita pra apanhar, que é boa de cuspir, chorei. E o mais estranho: o público - provavelmente os normais - riram enquanto eu chorava. Maldita Geni! Fim de sexta, os primeiros minutos de sábado curiosos perdidos na escuridão, chego em casa e ligo a TV: o nadador dourado chorando no pódio ao som do hino nacional. Não sou bairrista, muito menos patriotista, mas - fora! Homem de Ferro - chorei novamente. Que noite. Certamente não preciso gastar em colírio!
Um comentário:
Se até a Marina chorou!...hehehehe.
Eu que já estava quase chorando por que hoje já é 19 e a minha mais nova rotina estava sendo frustada. Ufa! Tarda mas não falha...
A leitora
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