Lembro quando aconteceu aquela tragédia do avião da Gol, técnicos afirmaram que, além de fatalidade, o acidente aconteceu por uma sequência de acontecimentos. Na verdade, uma série de erros, cerca de seis ou sete. Caso um só deles não tivesse ocorrido, possivelmente a Gol teria alguns pontos percentuais a mais no mercado brasileiro, que é o que realmente importa aos Constantinos, mas isso é outra história. Enfim, eles simplesmente aconteceram e deu no que deu. Uma tragédia como essa, principalmente se levarmos em conta a causa, é razão suficiente para desconfiarmos que o inusitado acontece. O improvável está ali na esquina, à espreita. A questão é singela. Se pode acontecer na vida real (odeio esta expressão, afinal, não falo da vida na corte). Bem, vamos lá, se pode acontecer de verdade, por que não no cinema?
Pois uma série de fatos, verdadeiras tragédias, levam um menino favelado a ganhar em um jogo na TV uma quantia milionária. Se formos analisar fielmente, sem dúvida algo inverossímil, interna e externamente. Porém, se usarmos o mesmo rigor com o acidente, ele também seria inverossímel. Deixaria de ter acontecido por isso? Óbvio que não. Portanto, nada mais razoável do que o extraordinário exibindo-se em nossa frente, mostrando que há espaço para sonhar, com nosso consentimento.
"Quem quer ser um milionário?" não precisaria da "explicação" acima para ser aclamado como o grande vencedor do oscar, mas a produzi porque acredito que ele vai além de um bom filme. Chega a ser quase um recado de que é possível cinema sem megaestrelas e milhões de dólares, que é possível mostrar o que há além do Taj Mahal de forma sincera sem nunca deixar o teor artístico em segundo plano. E uso o templo aqui somente como exemplo, uma referência.
A cena mais fantástica pode ser qualquer uma, tantas foram as possibilidades visuais ofertadas. A menina (linda, por sinal) parada na estação, a fuga inicial dos guardas, a resposta na opção que não foi soprada pelo apresentador, todas elas são de um conteúdo emocional e artístico incomparáveis. Claro que gosto de Douglas e De Niros, mas ver o rosto daquelas crianças indianas na telona também ajudou.
Afirmo. Esqueçam o inverossímil e tenham um excelente filme não hollywoodiano. Direto na lista dos Dez Melhores.
Poxa, novamente não falei sobre cinema. Talvez por que exceda e seja realmente algo além de um bom filme. Ou, e mais provável, por que viajo na maionese mesmo.
Viva as inverossimilhanças.
12 comentários:
Oi Beto, estou louca para ver o filme, mas - acredite ou não - ainda está longe de chegar por aqui. Digo isso porque o Benjamin Button não sai de cartaz por causa da procura. Hoje entra O Leitor, então vou descobrir finalmente o que o motivou tanto no filme. Gostei muito do post.
Beijos
Carpe Diem!!
É bom quando vc fala de cinema. Fala do que gosta.
Bjo
beto meu garoto, você disse tudo.
aliás, gosto das coisas que você escreve sobre cinema, está fazendo uma trabalho bem bacana por aqui.
sorte e luz.
beto meu garoto, você disse tudo.
aliás, gosto das coisas que você escreve sobre cinema, está fazendo uma trabalho bem bacana por aqui.
sorte e luz.
Um belo filme sem dúvida. A crítica aqui do "rectângulo" diz cobras e lagartos, que não presta, que é pior que pechisbeque. O povo ou não lê esses escritos tenebrosos ou pensa exactamente o contrário. Acho que tem a ver com os movimentos de câmara e a montagem sincopada mais a inverosimilhança do roteiro. Que se lixem, digo eu. Vou mergulhar nessa maionese aí!
:-)
Beto, eu vi esse filme e gostei muito. escrevi um livro sobre gangues e galeras de rua, nomadizei com eles nos estádios de futebol e nos bailes funk, nas ruas e terminais. sei dos abismos que dividem os mundos. e apesar de gostar do filme, de seguir essa cadência cheia de curvas do unusitado não me emocionei. estranho. certamente, porque é tudo muito previsível, embora surpreendente. gosto de suas "críticas" nada buroracráticas. bjs
A crítica portuguesa é algo especial mesmo. Parece que sempre estão 'contra', independente do que seja.
Esse consentimento precisa ser mais praticado. É um exercício de mudança do 'real'.
O filme foi duramente criticado por conta desses aspectos semi-inverossímeis. Como se o cinema tivesse a obrigação de exibir a 'realidade' da vida, que é o que, afinal?
Excelente fim de semana, Canales e, a propósito, muito obrigado pelo olhar tão generoso.
Betoooooooooo!! Tem um selo pra você lá no meu blog.
Bju
Carpe Diem!!!
Beto e suas dicas télicas...
Abraço forte, meu caro.
Continuemos...
Se gostaste, mais um motivo para ver! Abração!
Vou assistir. Estou numa fase cinematográfica, mas tenho sérios problemas com salas de cinema. Mas vou assistir e ver no que dá.
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