Justiça e vontades

Na verdade, o que eu queria mesmo era escrever sobre a discussão de alto nível do supremo*. Gostaria de dar meu apoio ao Joaquim Barbosa por ter afrontado o coronel da justiça, o Paladino do judiciário, o homem que solta o Dantas e quase todos os endinheirados, Gilmar Mendes. Teria muito gosto em acrescentar alguns adjetivos, sem gaguejar, na xingação. Nossa, eu teria uma lista enorme, até por que esse Mendes (melhor pôr um vossa excelência na frente), até por que a vossa excelência do Mendes, está realmente destruindo a credibilidade (se é que ainda tem alguma) do judiciário brasileiro.
É certo que estamos em um país onde a justiça é cega para os pobres e de olhos bem abertos para os ricos. É também certo que a corrupção nessa esfera é tão grande quanto nos outros poderes, seja com venda de sentenças ou emprego de parentes. É certo que o ego é maior que o senso de justiça, principalmente nesses senhores que aparecem mais que a Xuxa na televisão e, na verdade, sequer rosto eles deveriam de ter. O trabalho desses empregados de um dos poderes, deveria ser anônimo, técnico, sem nenhuma exposição.
Mas, sabemos, não é isso que acontece. 
Achei interessante que o Barbosa disse: "Vá à rua" e o Vossa Excelência respondeu "Eu estou na rua". Essa é a noção, o conhecimento, a experiência que ele tem. Quando este senhor caminhou em um mercado público? Comeu um pastel em uma lanchonete? Vagou por ruas lotadas? Transitou entre camelôs? Pisou em um cocô de cachorro? Subiu algum morro? Esse senhor não vai à rua. E, se for, ela engole ele. Isso mesmo, feio assim: ela engole ele.
Afinal, o Vossa Excelência não pertence às ruas, ao povo, ao cidadão honesto. Ele pertence àquele sorriso falso, forçado, debochado. Ele pertence ao Dantas, aos tapetes persas, às falcatruas. Ele pertence ao seu ego, aos caprichos, ao autoritarismo. Ele pertence a sua vaidade e suas injustiças.
Provavelmente se fosse engolido pelas ruas, seria vomitado logo depois.
Por isso, mesmo querendo, não vou escrever sobre isso.
É muito nojento.
E tenho medo dos capangas.

* Aos leitores além mar: Houve um bate-boca entre dois ministros (um o presidente) na mais alta corte do judiciário brasileiro, como fossem dois moleques.

4 comentários:

Felipe Lima disse...

Pérolas que só o nosso país pode construir com tamanha propriedade.

Beto Canales disse...

Muito bem dito, Felipe.Viba a terra brasilis.

Lorena disse...

Eu até agora não tinha entendido essa briga... Acho que agora entendi melhor.
Entendi, por exemplo, que tem um Senhor Ministro dizendo que compartilha do Brasil real com o resto dos brasileiros de verdade. É pra rir, né? Se Suas Excelências e suas famílias, amigos, cachorros e papagaios, usam o dinheiro do brasileiro verdadeiro para voar por cima do Brasil de verdade, de lá pra cá, pra todo lado... justamente para não ver o que acontece "aqui embaixo"...
O dia que a exposa do Senhor Ministro for visitá-lo em Brasília de ônibus de linha, igual a maioria de nós quando quer ir pra capital faz, e contar pra ele o que ela viu no caminho, aí dou algum desconto a ele.
¬¬

Biba disse...

Não sei se a gente ri, mesmo ou se os manda... você sabe o quê.

Beijos, sempre bom ler você!
carpe Diem!