Existem diferentes tipos de histórias. Algumas delas são boas para contar, outras para escrever, outras ainda para filmar e, infelizmente, não poucas para esquecer. Existem também histórias verdadeiras, que aconteceram aqui mesmo, na nossa casa, em um bar, na esquina ou em qualquer parte remota do planeta, conosco ou com algum amigo, ou com alguém que nunca ouvimos falar, mas com a particularidade de representar a verdade. Ou seja, essas histórias aconteceram mesmo. Em contrapartida, as histórias ficcionais, que existem somente na imaginação de algum autor maluco, esbanjam charme e acompanham a "vida real" lado a lado, por vezes cruzando o limite e confundindo tudo, abrindo janelas para o desconhecido, permitindo que nossa curiosidade seja saciada. Existem também os receptores, os ouvintes, aqueles que "consomem" tais histórias, que são, claro, pessoas distintas com percepções diferentes, antagônicas até, que compreendem, ou retiram, sabedoria conforme sua própria cultura ou mesmo necessidade. Por exemplo, um indígena certamente terá um aproveitamento nada parecido a de um músico erudito ao ouvirem a vida de Mozart, por exemplo, o que ocorrerá também se substituirmos a história pela vida do missionário Sardinha.
Todas essas variantes são incontestáveis e as descrevi para justificar minha opinião sobre Sempre ao seu lado. Antes, ao desdobramento disso tudo: a mesma história que pode ser boa para ser contada para seu filho, na beira de uma fogueira, em um acampamento, não necessariamente será boa para ser escrita e, no caso, filmada. Por ter acontecido - o famoso "baseado em fatos reais" - não concede um salvo-conduto para o sucesso. Da mesma forma com o passado: por ser uma história relativamente bem-sucedida no Oriente, no Japão, mais precisamente, onde até uma estátua foi erguida ao protagonista, não garante o mesmo sucesso por aqui. E é compreensível.
O filme é uma lástima. São 93 minutos de uma chatice só, de cenas absolutamente descartáveis. O enredo conta a vida de um cão que fica uma década esperando seu dono voltar, mesmo depois da morte do sujeito. Ponto. Isso é tudo. A trilha sonora chega a doer. Os graves de um piano, espaçados, forçando o clima de tristeza, são horrorosos. Os diálogos sofríveis acompanham o clima de mundo perfeito, onde todos se amam e são amigos, em um lugar sem violência, inveja, e nada de ruim para acontecer. E nada acontece mesmo. Nem de bom, nem de mau.
Eu lamento que o filme tenha no elenco o Richard Guere, um ator que normalmente não deixa a desejar e, para mim, o rei da comédia romântica. Na verdade, o filme é uma comédia romântica, só que com um cachorro.
Enfim, uma película onde o melhor ator é o cão, mostrando uma história boa para ser contada a uma criança que ganha um mascote em não mais que cinco minutos, o resultado não poderia ser diferente: é um filme ruim. Muito ruim. Seguramente candidato ao troféu Framboesa e encabeçando minha lista dos Dez Piores Filmes, com honrarias.
Economizem. Comprem só a pipoca e voltem para casa.
2 comentários:
Já sabia...
Beto, feliz Novo Ano para essa pessoa tão amorosa.
Forte abraço!
Eu irei assistir. Aí venho e concordo com você. =)
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