Pessimismo




Segue a vida no seu curso natural.
Os últimos dias têm sido estranhos. Não somente isso, mas ruins também. Este ano não começa bem, nada bem. Lembro que escrevi algum tempo atrás: "2010? Ai, ai, ai..." E é exatamente essa minha expectativa: acredito que será um período propício a lamentações e nada mais. Não vejo com otimismo o que vem por aí.
O interessante é que este meu "sentimento" pessimista não é baseado somente em algo místico, mas - infelizmente - em fatos que vem acontecendo pelo mundo afora. O mais alarmante e conhecido deles, é o estrondoso fracasso nas negociações em Copenhague. Nem tanto pela falta de ação para combater um mal como o aquecimento global (apesar de reconhecer que é alarmante a alta da temperatura, ainda tenho uma pequena esperança de que este fenômeno, mesmo que em menor intensidade, seja cíclico. Cheguei a esta conclusão percebendo uma diminuição drástica que houve no lago Titicaca, na fronteira Bolívia / Peru, onde atualmente existem as ruínas da cidade de Thiauanaco, pertencente a uma cultura pré-inca bastante desenvolvida, que nasceu 600 antes de Cristo e desapereceu possivelmente no ano 1200 dC, junto a diminuição do lago, que ocorreu em razão de um extenso período de calor e seca, conforme apontam recentes estudos, forte o suficiente a ponto de dizimar toda uma civilização de quase 2000 anos) mas principalmente pela falta de capacidade de entendimento dos líderes mudiais. É alarmante imaginarmos que as pessoas que mandam, que definem nossos futuros (?), elegeram mais importantes questões econômicas (fosse o clima um banco, fiquem certos que não teríamos problemas) do que aspectos essenciais para a nossa sobrevivência. Mesmos para os mais céticos - como eu - se houver uma chance sequer de a natureza "revidar" tudo que fazemos contra ela, deveríamos priorizar este tema, até porque o que está em jogo somos nós, todos nós, (talvez como o povo andino) condenados a sumir definitivamente em uma sucessão intempestiva de catástrofes naturais.
Ainda sobre a convenção fracassada, depois da decepção fiquei novamente estarrecido com o anúncio de outros líderes (tão ou mais despreparados que os políticos), os religiosos. Foi dito frente ao insucesso: "vamos orar que tudo dará certo". Acredito que esta frase tenha sido mais infeliz do que a dita por Bento 16 em visita à África, um continente inteiro assolado pela Aids, condenando o uso do preservativo. Foi um verdadeiro incentivo à morte. Um empurrãozinho ao genocídio. 
Creiam, o povo dizimado também tinha seus deuses e pajés. Orações não fazem chover, não evitam catástrofes, não nos tornam imortais. O fato da primeira turma nada fazer e a segunda sugerir mandingas, rezas e outras bobagens contra algo que pode ser vital a sobrevivência da espécie, só me trazem uma certeza: a coisa está ruim. Muito ruim.
A vida continua. Por algum tempo e para alguns sortudos, continua em seu curso natural.
Talvez, quando percebermos que dinheiro e fé não se come e nem bebe seja tarde, mas... 
"C'est le vie", como diriam os colonizadores do Haiti.






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