Nós somos capazes de criar vida. Esta notícia ficou cerca de uma semana na mídia. Notas de um ou dois minutos, muitas lembrando a experiência da clonagem e ilustrando a matéria com a ovelha Dolly. O acelerador de prótons, na fronteira da França com a Suíça, aquele capaz de produzir um micro-buraco negro, foi mais noticiado quando fracassou em sua primeira tentativa de colisão das partículas do que quando a realizou com sucesso. Outra notícia fantástica que praticamente passou desapercebida pela grande imprensa, foi a descoberta de um gigantesco buraco no universo. O detalhe é que esse buraco não tem uma atividade gravitacional intensa, capaz de "sugar" inclusive a luz, tão poderoso eles normalmente são. Este é simplesmente um buraco. Uma saída ou, quem sabe, uma entrada de nosso universo. Para completar minha estranheza, o desastre ecológico sem precedentes na costa americana é relatado, quando muito, como um problema menor. Enquanto milhares de litros de óleo são diariamente despejados no meio do oceano, a mídia se encarrega de divulgar a multa que a empresa sofrerá ou de que o Obama avisou que a responsabilidade é toda dos ingleses. Parece que a destruição que isso trará ao meio ambiente é pequena. Infelizmente não é. As consequências a médio prazo serão devastadoras ao ecossistema. Não é preciso ser um técnico para prever isso. É preciso somente abrir os olhos. Por sinal, alguém viu o Greenpeace?
Apesar de citar a imprensa e seu desinteresse por assuntos tão relevantes e vitais para todos, não é disso que pretendo falar. Acredito que essa atitude coletiva de "to nem aí" para os problemas, não são nada além do reflexo da sociedade toda. Parece que se não falarmos dos males eles desaparecerão.
Achei ainda mais inquietante o silêncio da Igreja Católica. O Vaticano limitou-se a dizer que "somos apenas semelhantes a deus, e não deuses". Fora isso, preferiram continuar afirmando as bobagens de sempre. Aqui mesmo no sul, a maior autoridade foi à imprensa para comparar os homossexuais como os pedófilos. No México, (não tenho certeza do lugar, somente do fato) um representante pediu que as pessoas sejam menos provocantes aos sacerdotes, para diminuir a quebra dos votos. Ou seja, mesmo depois das notícias acima, continuam falando as costumeiras idiotices de sempre.
É verdade que essa postura não difere da atitude geral. Dos governos, das conversas entre amigos, das salas de aula. Continuamos, todos, como se nada estivesse acontecendo. E está. Acredito que a soma desses casos sejam determinantes para o futuro da humanidade. Seja por que revolucionarão tudo o que conhecemos e estamos prestes a obter uma gigantesca sabedoria, seja por que estamos destruindo nosso planeta sem nos importarmos, seja por que as consequências de nossas experiências possam ser devastadores ou ainda por que estamos percebendo e provando (contraditoriamente) que uma grande parte de nosso conhecimento secular está errado.
Enfim, considerando ainda nossa alienação comprometedora, admito: estou assustado. Apavorado, na verdade.
Mas, quer saber? Quer mesmo? Pois lá vai: acho mesmo que o Ronaldinho não deveria ser convocado.
Que venha o hexa.
2 comentários:
É, a Copa do Mundo é um buraco negro no universo da informação de massas.
Eu não vi o Greenpeace. E o Vaticano é, para muita gente, uma bela construção cheia de ouro. O óleo que está divagando pelo mar vai acabar em nossas torneiras e não vou mais à missa usando decote.
E acho a copa uma "maravilha". Principalmente para os brasileiros. Para este povo cheio de alegria que precisa ter distração já que sofre tanto. Que eca.
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