Abaixo os cães!

Existem alguns políticos que adotam uma posição interessante: quando o assunto é polêmico, como aborto, por exemplo, eles abstêm-se não somente de votar, mas também de falar o que pensam, tudo para não perder votos.
É um pensamento bastante simples e cômodo. Como nosso parlamento está lá para tudo menos para "parlar", essas atitudes covardes e mesquinhas passam batidas e os nobres senhores que vivem do nosso dinheiro, continuam com os votos das velhinhas carolas e das jovens punks, sem desagradar ninguém.


Eu, porém, que de político não tenho nada e não preciso de voto algum, não escondo minha opinião, mesmo que contrária a da maioria. Ou, o que às vezes ainda é pior, contrária a de uma minoria qualquer. Inclusive, já arrumei alguns insultos por conta disso, já que as publico neste humilde blog.
Vamos aos fatos: dois dias atrás, aqui no sul, um vigilante matou um pit bull com um tiro na cabeça no pátio da Universidade. O que se sabe até agora é que o animal estava solto, sem focinheira, e que o guardinha alegou que havia sido atacado.  Houve uma comoção em toda a cidade, inclusive na imprensa, condenando a barbárie cometida contra o animal. Ontem, outro cão desta mesma raça, também levou um tiro, desta vez de um policial, porque havia atacado uma senhora de oitenta e poucos anos, derrubando-a no chão, além de quase matar dois pequenos cachorros de estimação. Não houve grande comoção dessa vez, mas, mesmo assim, a imprensa não deixou por menos (ainda bem). Há cerca de dois meses atrás, um menino de alguns meses foi torturado pelo padastro, um viciado delinquante de pouco mais de 20 anos, e, pasmem, além de uma nota pequena na imprensa, não houve nenhum debate. Nenhum alvoroço. Nada.
Não tivemos hordas de defensores de bebês maltratados. Não tivemos gritos protestando contra o marginal, não tivemos clamor popular sequer para que ele fosse preso. Nenhuma associação de defesa dos que não podem se defender se pronunciou. Aliás, não existe tal associação. Mas em defesa dos pit bulls, dos rotivales ou sei lá o que deve existir.
Não tem nada de errado nisso?  Mesmo deixando de lado o fato de um tiro ser disparado não sendo, talvez, o último recurso, isso não tem algo de monstruoso?
Analisando friamente, qual o benefício que esses animais trazem para a sociedade em geral? Ou eles trazem algo positivo somente aos seus "donos"? (Se é que fazem). E os males? As crianças, em geral, não correm riscos? Ou os velhos, como o exemplo acima? Não está errado colocar a sociedade em risco para o "benefício" de alguns poucos? O coletivo não deveria ser mais importante que o individual? Enfim...
Minha posição a respeito desses casos: não poupem balas. A cada animal desses que for extinto, menos pessoas correrão riscos em nome de um prazer mórbido, de uma futilidade, de algo inaceitável, que é criar em casa com um cuidado que provavelmente a maioria das crianças não tem, um animal que pode matar uma pessoa.
O que penso quanto aos outros cães, seja de raça ou tamanho forem, vestirei uma carapuça de político e não comentarei. Seria suicídio público, pelo menos por hora.
Entretanto, bastará ocorrer qualquer fato que embase minha posição, o que certamente ocorrerá em breve - tornando-a não somente uma preferência gratuita -  já que a proliferação desses animais é endêmica e os malefícios trazidos são proporcionais, que terei prazer em ser odiado.
(Aos leitores/amigos que reclamaram, desculpem a demora, mas, enfim, estou de volta)



3 comentários:

Lais Castro disse...

Olá Beto,
Sem dúvida gosto do seu estilo de escrita e da forma como você faz suas abordagens. Que bom que você está de volta!
Abraço.

Sandrinha disse...

Puxa, até que enfim...
Chega de moleza amigo, volte para o blog com seus comentários, crônicas e "elocubrações" mas volte...
Afinal, em ano eleitoral terás muito o que postar por aqui.
Abraços
Sandrinha (sim, eu de novo!)

Silvares disse...

É, estou de acordo contigo. Bala em cão raivoso não é crime. Já agora, o que pensa de Anders Breivik, o assassino de Oslo?