Quase todos somos bons e, ainda, os cães!


É curioso como alguns assuntos mexem com as pessoas. Claro que a repercussão dos textos publicados aqui não tem embasamento científico algum, mas, mesmo assim, não deixa de ser interessante. Vamos lá: minha análise é baseada em xingamentos. Quanto mais sou xingado, mais cabeludo é o tema. E aí que vem, na minha ótica, o surreal da coisa: nunca fui tão xingado quanto na postagem passada, onde dou minha opinião a respeito dos pit bulls. E elas são veementes, contundentes, sem espaço para respostas. Na verdade, acredito que esse espaço não deva ter respostas, mas, mesmo se tivesse, elas não seriam bem-vindas ou, sabe-se lá, sequer lidas. Nem quando praguejei contra as religiões apareceram tantas manifestações.



A questão não é achar isso certo ou errado. Na verdade, não é nem uma coisa nem outra. Eu só acho curioso superar questões da própria fé, que transita no cerne, na ideologia das pessoas. Quando afirmo peremptoriamente que não acredito em deus, a reação de alguns é de desesperança, de compaixão. Não foram poucas vezes em que se ofereceram para "me ajudar" por eu ser cético.  No caso do cão, as mensagens são mais agressivas - se bem que todas respeitosas - mas, ao contrário das outras, em que sou merecedor da dó - insinuam, e até afirmam, que sou um cara mau. Pois estou me sentindo assim: mau. Quase como o Lobo do Chapeuzinho Vermelho.
Outra curiosidade sobre cães está ocorrendo em Pelotas, uma bela e rica cidade sulina: um cão de rua foi atropelado, o Alemão, e sua perna destruída. Desde então ele já foi operado e passa bem. Sabe-se porque fez todos os exames necessários em uma clínica particular, sem ninguém pagar nada por isso. Recebe diariamente cerca de 30 visitas e a clínica atende uma média 50 telefonemas perguntando sobre sua recuperação. Além disso, duas vezes ao dia, saboreia um suculento bauru (uma espécie de sanduíche de pão e carne, muito popular aqui do sul) de filet mignon, que chega até suas presas através de um "delivery". Que lindo!
Vou fazer uma simulação, uma mera elaboração simbólica, isenta de qualquer preconceito: se no lugar do vira-latas Alemão, o atropelado fosse um garoto de rua chamado "Negão" (assim mesmo, sem o erre). Ele estaria em uma clínica particular, com todos os exames e cuidados necessários, tudo de graça, a receberia as 30 visitas e os 50 telefonemas? E os sanduíches? E a notícia do atropelamento sairia no jornal aqui da capital, como o outro caso?
De outra forma: o "negão" humano teria ao menos um tratamento parecido com o do alemão canino?
Certo, admito, sou um cara mau. Muito mau. E vou aprender, por via das dúvidas, a latir e a  rimar.
Au au!


2 comentários:

Lais Castro disse...

Só posso dizer que continuo fã de seus escritos, sempre tão cheios de humor. Gosto de animais mas... junto-me a você,de forma menos radical... abaixo os cães confinados em apartamentos! (risos)

Silvares disse...

Cão é cão, ou devia ser. Com situações como essa a velha expressão "ter uma vida de cão" fica uma coisa confusa...