Corrupção no Facebook

Estranho o título, não é? Mas representa a mais pura verdade. A corrupção, porém, não é de algum funcionário ou diretor inescrupuloso. Ela está presente em um jogo, o "Roba Roba" (assim mesmo, sem o "U"), que foi lançado semana passada pela empresa PlayerUm, e está a disposição no Facebook.
Funciona assim: você começa sua carreira política como vereador e, conforme as falcatruas e desvios que fizer, vai subindo na vida, passando por deputado estadual, depois federal, até que, na última fase, chega a cadeira de presidente do glorioso Senado Federal, cargo hoje ocupado pelo ilibado marimbondo de fogo, proprietário do Maranhão, senhor, doutor, excelência e coronel, José Sarney.



Existem alguns outros jogos, famosos e comuns entre os jogados em PCs e consoles, como o GTA ou o Máfia, em que o jogador assume a função do bandido e vaga por uma cidade assaltando velhinhas, roubando carros e fazendo coisas ainda piores. Lembro que quando eles foram lançados, boa parte das pessoas que opinaram sobre o assunto, incluindo eu, execraram a iniciativa, mas depois, o bom e velho tempo, fez tudo cair no esquecimento.
Pois agora, quando novamente um jogo se inspira e imita a vida de um bandido, com a diferença de que esse não assalta velhinhas e rouba carros - certamente faz "coisas ainda piores", muito piores, como condenar à ignorância gerações inteiras, com o dinheiro roubado da educação; como condenar à morte crianças, adultos, grávidas, velhos, com o que rouba da saúde. Enfim, minha reação é uma só: espanto!
Claro que não me refiro ao jogo em si, nem a iniciativa da criação, que deve ser incentivada, e muito menos se ele trará algo de bom ou de ruim, refiro-me, simplesmente, a banalização da roubalheira.
Estamos nos profissionalizando. Estamos tornando a corrupção um membro da família. Algo comum, algo que está sempre por perto, algo que precisamos para viver. Essa afirmação pode causar alguma desconfiança, infelizmente, porém, representa nosso cotidiano: precisamos furar a fila, estacionar onde é proibido, roubar o sinal da TV a cabo, não devolver algumas moedas dadas a mais no troco ou aceitar um "carinho" de um político sem vergonha. Precisamos transgredir ou seremos chamados de babacas. Seremos babacas! Nossos políticos roubam milhões na construção de uma usina hidroelétrica onde depois de pronta empregam seus familiares, seus amigos, seus comparsas, em cargos bem remunerados, enquanto nós - ah, como somos espertos - faremos um "gato" e roubaremos a energia elétrica. Nós não ficamos para trás. Não somos passados para trás.
E agora, além disso tudo, podemos imitar nossos eleitos em pleno Facebook e roubar.  Roubar muito. Roubar tanto, mas tanto, que não poderíamos chegar em outro lugar que não fosse a cadeira de Presidente do Senado Federal.
Enfim, a vida real no Facebook.

3 comentários:

Onofre Dias disse...

Marimbondos de Fogo.... tenho que ler... kkk

Luiz Gonzaga B. Jr. disse...

O crime banalizado, a educação esquecida... Fui ontem ao caixa eletrônico e então me dei conta que deixara a dinamite em casa. Parece piada mas é profunda tristeza.

Anônimo disse...

cara, é por isso que eu bebo velho. sorte e luz.