Poesia: de Pablo a Mário ou do Livro ao Computador

Poesia! Aí está algo que não entendo, como acontece com tantas outras coisas. Na verdade, não entendo de praticamente tudo e não me envergonho disso. Ao contrário, reconhecer essa limitação me deixa até mais tranquilo, porque, pelo menos, não estou me enganando. Isso, porém, não me impede de ter opinião.




Não entendo de vinhos, também, mas prefiro os tintos e gosto da uva carmenere. Sei que vinhos que não são feitos de uva, os de laranja, por exemplo, não são bons. Mesmo sem ser especialista no assunto - por sinal, permitam-me abrir um parênteses aqui: ( esse negócio de "especialistas" tem ultrapassado a barreira do sensato. Dia desses, quando morreu o naniquinho maluco e assassino da Coreia do Norte e a TV exibiu o povo aos prantos enquanto passava o cortejo fúnebre, âncoras dos jornais brasileiros disseram à exaustão que, de acordo com especialistas, aquele choro era falso. Mas, pergunto-me, especialistas em quê? Em choro? Em choro de norte coreanos? Em choro de norte coreanos quando morre seu líder supremo? Por favor, senhores editores, não usem essa palavra tão especial - especialista - em vão. Fecha parênteses), então, continuando o raciocínio, sei o que gosto ou não, o que é bom, ou não.
Explicação dada, e sem esquecer que não sou um "especialista" em poesia, afirmo: não gosto de Mário Quintana. Já que estou aqui no sul, em Porto Alegre, melhor vestir um escudo para defender-me das pedras, dos  gritos e dos xingamentos. Pronto. Agora sim. Não gosto e explico o porquê: infantil. Acho a poesia do aclamado Quintana infantil, beirando a mediocridade. Além disso, diria que ela é previsível e rasa. Para não ficar apenas no que "não" gosto, aproveito e faço uma singela comparação: 100 Mários não chegariam a um Pablo. A profundidade, a beleza, o ritmo e a harmonia de Neruda vão além do que Quintana jamais sonharia. Comparei o que é incomparável para tentar explicar o que para mim é evidente. Que salta aos olhos. Mas, caro Beto, para que, enfim, isso tudo?
Para falar da poesia que "floresce" todo dia na internet. Não imagino quantos sites possuem esse tema, mas devem ser milhares. Eu, sei lá a razão, recebo mensagens repletas de "poemas". Eles vêm de todas as formas: em PPS, mensagens com letras bonitas, com fundo musical, enfim, em sonetos, versos livres, em alexandrinos... Ufa!
Apesar das diferentes formas e temas, sem dúvida boa parte delas ao menos uma coisa têm em comum: são ruins, são infantis, beirando a mediocridade, tal qual se encaixa, na minha singela e amadora opinião, a poesia de Mário Quintana, aquela que eu não gosto.
A explicação para isso deve estar aí na linha de cima, nas últimas cinco palavras. Como eu não gosto (e não sou especialista) e sou desbocado, digo que é ruim. Provavelmente eu esteja errado, claro, mas, em uma hora qualquer, peguem um livro do Mário Quintana, ou entrem nesses sites de poesia, dará no mesmo, e leiam com atenção. Releiam. Repitam tudo. E de novo. Aí, depois, façam o mesmo com Neruda.
E me contem o resultado.
Não em versos, por favor.






4 comentários:

Lais Castro disse...

"Todos passarão... eu passarinho." Eu gosto de Mário Quintana... e gosto de ler seus textos. Respeito sua opinião. Bom mesmo é o livre arbítrio!

Onofre disse...

Bom retorno, Beto. e vejo que com tudo. Parabéns pela coragem de criticar algo quase unânime. Mas estou contigo: apesar de gostar, acho que a maioria do trabalho dele é fraco.

Silvares disse...

Como não sei quem é esse tal de Mário não posso comentar os teus comentários a respeito dele. Já quanto aos outros poemas... estamos juntos! Horrores aos pontapés. Ainda por cima não consigo ganhar prazer na leitura da poesia, nem mesmo daquela que é considerada boa por quase toda a gente e que, portanto, deve ser mesmo boa. Quanto mais de poesia que até eu percebo ser mais merdosa que caca de cão deitada no chão. Ainda assim sempre te digo que poesia só mesmo na forma original. Como se pode traduzir poesia de japonês para português sem fazer uma nova e completamente diferente poesia?

Anônimo disse...

Parênteses

(Em meio ao turbilhão do mundo
O Poeta reza sem fé)

Mario Quintana