Um texto deve começar por um título. Bem, já tem um aí acima. Depois disso, o início propriamente dito, que deve - invariavelmente - ter uma boa frase para prender o leitor. Quem sabe "Os nativos estão inquietos, pode ser fome ou coisa pior" ou "No convento nem só a brisa soprava o fogo das velas" ou ainda "Ai! ai! ai!, vai dar merda!". Melhor nenhuma delas, talvez uma coisa mais específica como "Previsões certas para este mês de agosto". Ótimo, meu texto começará com esta frase. Depois, um ou dois parágrafos para o desenvolvimento. E é bom que eu respeite isso, pois se deixarem por minha conta, serão 20 ou 25. O primeiro deles pode falar de coisas óbvias, como as medalhas olímpicas, ou a nova guerra, ou as duas juntas. Ótimo: "Georgianos e Russos ganharão medalhas não somente em Pequim. Ficou instituído pelos dois governos que cada soldado que matar um inimigo ganhará uma medalha de ouro. Se for civil ganha de prata e se for criança de bronze. Mas só vale se der pra fotografar o defunto. Todos com seus celulares em mãos." É um bom primeiro parágrafo do desenvolvimento. No segundo melhor dar uma explicada, senão podem pensar que sou maluco. Explicar que loucos são eles que ficam brigando e matando para satisfazerem seus egos. Na verdade, esta guerra não chega a ser por nenhum óleo, é simplesmente para calar um movimento separatista de um lado e proteger este mesmo movimento de outro. Luta de e por palavras, mortes de verdade. Conseguiram as três partes envolvidas não terem razão. Talvez eu escreva "Somente ironizando para relevar que assassinem e destruam" mas melhor não. É ainda mais perigoso relevar. Fazer o que então? O segundo parágrafo poderia sugerir que o Putin, ao invés de ver as olimpíadas, fosse tentar ganhar uma medalha na Ossétia. Provavelmente ele iria. Meio arriscado dizer isso para essa geração Schwarzenegger de governantes. Já sei. Seria assim: " Algumas empresas fabricantes de telefones celulares estão patrocinando medalhistas na Ossétia do sul e fazendo concursos da melhor foto, que mostre o morto com maior nitidez, a morte com mais precisão. Vários megapixels à disposição dos heróicos soldados". Perfeito este parágrafo. Talvez não fosse, por alguns, muito bem compreendido, mas quem entende uma guerra não precisa me entender mesmo, portanto, o texto está indo bem. E agora, para ser completo, o final. Nossa!, teria vários. Dezenas. Centenas. Poderia ser a entrega das medalhas, várias e várias para cada soldado. Ou algo mais lírico, como " Sabemos matar, mas honramos nossa raça, e o fazemos rapidamente, com beleza e altruísmo" ou algo menos telúrico como "que deus receba a todos com sua benevolência". Não gostei de nada. Acho que o final mais provável seria "Estados Unidos e China entram no conflito para competir no quadro de medalhas com Geórgia e Rússia. A disputa medalha a medalha é eletrizante". É o fim! Melhor não fazer texto algum.
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