Num belo dia, eu ia caminhando, escorreguei e caí. Foi o suficiente. A batida na cabeça foi fatal. O estranho é que continuei vendo e ouvindo tudo. O governo Inácio com suas tendências direitistas, as olimpíadas com suas medalhas douradas (para o Brasil, por enquanto, as bronzeadas - deve ser o sol forte) e as nossas guerras civilizadas que matam sem muita sujeira. Vi o vizinho Evo ser aprovado com mais votos agora do que quando foi eleito e pensei em transferir pra cá a mesma idéia - genial, destaque-se - que consiste basicamente no seguinte: coloca-se em votação o candidato - agora no poder - da última eleição. Caso ele tenha menos votos que antes, é destituído. Simples e eficaz. Como não vejo nada de errado em copiar o que é bem feito, pensei ter resolvido a maioria dos nossos problemas. Ilusão. Amarga ilusão. Como a maioria do que acontece no mundo, aqui não daria certo. Primeiro por causa da impossibilidade, já que elegemos o Lula e quem governa é o Inácio (como tratado anteriormente), segundo por que jamais copiaríamos bolivianos. Ora, somos um país de alto nível, um país intelectual. Imaginem só!, nós copiando a Bolívia, ainda se fosse os Estados Unidos... Quando me dei por conta, vi que estava "mortinho da Silva" (logo Silva - numa clara referência a presidência e não as milhares de famílias) e estava preocupado com banalidades quase surtei (ia escrever "quase morri"). Melhor: surtei. Que falta de capacidade, a minha. Eu que fosse aproveitar a minha nova situação longe da matéria de outra forma. Sei lá. Que fosse assustar alguns, assombrar outros, puxar os pés da Maitê - da Gisele Bündchen não, os dela são feios - ao invés de ficar criticando o Inácio ou o país. Mala até morto.
Mas, no meio do faniquito, aparece alguém, anjo, arcanjo, oficceboy divino, algo assim, e diz claramente: "Você ( ele me tratou pela terceira pessoa - gaúcho não era) deve a partir de agora pensar com mais amplitude, deve ser mais cordial e compreensivo. Continua vendo e ouvindo para aceitar e entender tudo." E eu quieto. Quando se morre, aprende-se a ouvir. Às vezes morre-se mais tarde caso tenha aprendido antes. E mais: " O papel que vai desempenhar agora é outro: é de amor, compreensão e amizade. " Eu ainda quieto. Ele continua: "Sua missão é importante e vital. É ajudar o seu país da seguinte forma: cada ato presidencial deverá ser explicado aos militantes que ajudaram a eleger este governo até que eles compreendam..." Interrompi. Questionei se havia, então, ido parar no inferno; que aquela missão era impossível e ingrata e nada. O "sei lá o que divino" impassível, com cara de paisagem, acima e encima de qualquer reclamação. Até que num brado desesperado, gritei o mais alto que pude: - Nem morto!
Foi aí que comecei a me mexer novamente.
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