É engraçado?

Chega de chatices. Afinal, levando em conta aquela máxima que assumi de que homem é bobo, mulher é chata, isso deve ser coisa de mulher. Ontem - dia terrível - mau-humor maior que a paciência, pensei: isso não pode continuar assim. Tentei imaginar coisas engraçadas. Mas, afinal, o que é engraçado? Uma pessoa caindo completamente desordenada é engraçado? Ou uma placa que eu mesmo vi, que dizia: "Banheiro, exclusivo para clientes e não clientes". Isso me rendeu boas risadas. Ou uma daquelas recebidas pela internet, como a de um anúncio fúnebre, que começa assim: "É com prazer que ... " ou ainda uma placa que avisa que o bar não está aberto por que está fechado" e tantas outras? Ou o meu filho, de 7 anos, dez minutos depois de começar a estudar, diz de maneira contundente: - Não é que este negócio da certo! - Eu perguntei: - Que negócio, meu filho? - E ele prontamente: - Este de estudar, pai.
O que, afinal, é realmente engraçado? Não preciso nem confessar que ri muito em todas as situações descritas, mas devo confessar, isto sim, que dou risada com a mesma facilidade com que choro. Certa vez, em um ônibus, tentava ler a crônica chamada Homem que é homem, de LFV, e não conseguia passar de determinada linha. Chegava a este ponto e o sorriso vinha. Depois o riso e enfim as gargalhadas, ruidosas gargalhadas. Tinha que parar, pensava em algo triste, me concentrava, limpava os olhos mareados, e tornava a ler: nada. Era incontrolável. Até que desisti e desci do ônibus. Outra ocasião: eu assistindo um cursinho de grávidas, para ajudar minha esposa parir, e a enfermeira que ministrava a aula falando de parto normal. Lembrei - sabe-se lá o por quê- daqueles filmes em que se pediam água quente para o parto, e mais água, e um pouco mais ainda e comecei a rir e não conseguia parar. Tive que sair da sala. Também quando vi o Clinton tendo um ataque de riso frente ao Gorbachev consegui rir ainda mais que ele. Não controlei o riso nessas situações. Provavelmente o meu descontrole tenha sido tão engraçado quanto a origem dos risos, mas o fato é que alguma coisa desperta em nós e torna tudo motivo de graça. Como nas férias viajando: depois do segundo dia dou risada até de velhinha cega atravessando a rua. Acho que vamos criando uma expectativa positiva e nos abrimos ao engraçado. Ontem, na verdade, consegui eliminar o mau-humor com risos. Terminei o dia com boas risadas. Pena não ter visto ninguém cair, por que uma pessoa caindo completamente desordenada é engraçado sim. Desde que não seja eu.



5 comentários:

Silvares disse...

Obrigado pela tua visita ao 100 Cabeças. O teu texto é interessante pelo ritmo que empregas às tuas palavras. Também já dei por mim a pensar sobre que mecanismo me põe a rir. Lembro-me que, uma vez, há uns anos atrás, pensei que só ria das coisas que conhecia e compreendia. talvez o riso fosse um sinal de reconhecimento de algo ou de alguma coisa. Uma pessoa a cair faz-nos rir porque não somos nós, coo tu dizes no final. Mas por vezes se compreendermos que a queda foi demasiado dolorosa podemos começar a rir e depois chorar. Ou pelo menos ficarmos apreensivos.
Força no Blogue.
:-)

Beto Canales disse...

Obrigado, amigo.É uma honra ter um leitor como você.

Abraço

Desarranjo Sintético disse...

Bah! É muito bom quando conseguimos a predisposição para rirmos um pouco, são dias e dias, e esses engraçados são os melhores. É muito bom quanto temos esses ataques de riso, as vezes nem é nada engraçado!

Abraços, valeu a visita!

Fábio.

Anônimo disse...

Então vou contar uma minha, em parceria com a Fê. Estávamos perdidas, tentando achar a Ulbra, e fomos perdir informações para um passante, era um deficiente visual, com um cão ao lado...mas mais cegas ainda éramos eu e a Fê, que tínhamos confundido o cachorro com uma criança....dq nos demos conta, só deu pra rir, sem parar...

Beto Canales disse...

hahahaha... que dupla!