Não quero ser alarmista mas, salve-se quem puder - e poucos poderão -, está tudo errado. Alguns simples exemplos: qual a melhor parte do ano, a que estamos em férias ou no trabalho? Pois a resposta é, sem dúvida, férias. Agora o detalhe. Elas duram 20 dias, no máximo trinta. O resto é batente. Na semana, qual o melhor? Sábado e domingo, claro. A imensa maioria, os outros cinco dias, prefiro nem entrar nos detalhes. Salada de frutas com sorvete. Toda ela é boa, mas aquele finalzinho, aquele caldo esbranquiçado do final, hummm.... Picanha. Tem parte melhor que aquela pontinha, o triângulo equilátero do sabor? Tem não.
Existem ainda inúmeros outros casos para descrever, mas não vale a pena. Até por que eles se dividem em apenas dois tipos. Somente um par, não importando a quantidade.
Notaram a diferença? É simples: uma parte depende de nós e a outra não. Aquele líquido na salada de fruta só se forma quando ela chega ao final. Não existe como produzir aquilo diretamente. No outro caso, o triângulo perfeito é resultado de anos (não muitos) de pasto e também não depende de nossa intervenção. Porém, e aí que a "cosaficaosca", o resto somos nós mesmos que fizemos. Trabalhamos 5 ou 6 dias em cada sete por que instituímos isso. O mesmo para cada 11 meses de trabalho e um de folga. Nós criamos e cobramos este absurdo. Em troca de convivermos mais com a família ou amigos, ao invés de mais leitura, arte e lazer, trabalho. Por sinal, quem inventou o trabalho não tinha nada mesmo para fazer.
Evidente que não tenho nada contra, assim, frontalmente, mas, pôxa, um pouco de bom senso e consumiríamos mais, passearíamos mais, gastaríamos mais e, se não trabalhássemos tanto, teríamos mais empregos e por aí afora.
Parece brincadeira, mas a indústria moderna produz tanto em tão pouco tempo que satura o mercado. Aí, o desemprego e começa o efeito dominó. Só que as consequências de um desempregado em casa são catastróficas. O sujeito não consome e com razão. A mesma pessoa na mesma casa porém empregado, a conversa seria outra. Ele não só compraria o que a indústria produz, como movimentaria toda a cadeia de serviços e tudo mais. Trabalhamos tanto que quase não temos tempo para gastar.
Falo isso pela crise. Essa maldita e invisível peste que assola nossos empregos/escravos. Ruim com eles, pior sem. Pensem, não seria uma alternativa? Na salada de frutas e na picanha não podemos mexer. Mas aquilo que nós mesmo inventamos, não estaria na hora de rever?
Mudanças não são o forte da humanidade, pelo menos as pensadas. Vou fazer um churrasco só de pontinha de picanha e sobremesa de salada de frutas e dar para alguém comer até deixar só o restinho. Fiquei de mau humor.
Acho que viajei. Texto chato desde o começo até o fim. Nada de bom, nem no final. Mas posso mudar isso, sem medo.
Ãhn. estou com saudade da Maitê. Vou ligar para ela.
9 comentários:
Não achei chato. Chata é toda essa situação do mundo. E a gente não muda, sabe por que? Porque a maioria é conformada. É, feito gado, sabe? Não feito gado, que gado não tem discernimento, pior que gado... Uns gritam, mas são poucos. A maioria se cala e assiste.Eu mesma, nem posso falar nada, me calo. Pelo menos você gritou. Ao seu modo, gritou. Talvez mude algo. Talvez não. Depende de quantos vão ouvir e gritar junto com vc...
Eu vi a Maitê hj, no Saia Justa. Ela parece muito bem. =)
beijo.
Também não achei nada chato o seu texto. Concordo com a Lorena, chata é a situação do mundo, como ela diz.
Fiquemos com a salada de frutas (vou dispensar a carne, tá?) e seu caldinho do final. Fiquemos com os sábados e domingos, com as férias, os passeios e tudo o que o ócio criativo puder indicar antes que seja tarde! Ah, fiquei com ciúme da Maitê!
Beijo grande
Carpe Diem!!!
PS: mudaram o formato das fotos e fiquei com o rosto disforme, cruzes!!
Ninguém muda, porque acha que não vai mudar o todo - com medo de se prejudicar também, mas se cada um fizer um pouquinho, quando vemos a mudança está feita, com o tempo é claro. Sem magia! Sempre bom vir aqui. Abração!
hahahahaha, olha beto, eu nem sei o que te dizer, mais uma coisa eu posso falar, quando eu precisar desabafar, hahaha, eu vou te procurar heimmm, porra cara, você sacou o mundo.
palmas pelo texto.
sorte e luz.
Beto,
Esquece a Maitê. Ela é chata. =)
Resumindo. Somos um monte de bois trabalhando para alcançar a aposentadoria que é a melhor parte da picanha e também precisamos da salada de fruta inteira para chegar à melhor parte. Não vejo nada de chato nesse texto. Por mim, ele está ótimo. Com direito ao plac, plac, plac. Deve ser o seu humor.
Beijos.
E volto a te seguir. =)
acho que o trabalho, no mundo moderno, como diz Hannah Arendt é o lugar das fadigas e penas. falta tempo para essa coisa, graças a deus, improdutiva denominada alegria. Tem algo mais gratuito, mais descolado deum fim? sou uma brincante que trabalha até demais. Ai fico inventando alegrias de domínio individual. Rio de mim, por imaginar que tenho um anjo-da-gurda derrubador de coisas (eu pego, desastradamente, elas caem das mãos), uma manias de pensar em trilhas sonoras para situações diversas e um nomadismo que me leva para longe diante das mais chatas reuniões. sou alguém que viaja mesmo tendo os pés no chão. teu texto é muito, muito bom. bejim cearense.
É... vamos procurar a parte boa do trabalho: tem muita gente que trabalha e ainda faz muita merda, imagina se neguiinho tivesse a semana inteira só pra fazer merda!!
Que merda seria.
Se não trabalhassemos haveria de ser uma longa chatice estar sempre de férias!
:-)
Ah, aqui em Portugal falam que a Maitê está de namoro com o Miguel Sousa Tavares, um
escritor-joranlista-dandy cá do sítio. Ouviu falar?
Pôxa, serei o último a saber?
Vou verificar.
Não trabalhar é errado. trabalhar menos é certo.
Abração Silvares.
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