Nos últimos dias, mais que gripe suína ou gripe A, o que mais se fala é "não há motivo para pânico". Todos dizem isso, principalmente o nosso valoroso ministro Temporão, aquele que preferiu calar sobre uma questão de saúde pública, não revelando sua opinião sobre o aborto, para não levar um pito da mamãezinha. Pelo jeito, sobre a gripe dos porquinhos, a distinta senhora permitiu que seu obediente filho discurssasse. E então ele fez, várias vezes, dizendo sempre a mesma coisa: que não há motivo para pânico.
Duas questões sobre os fatos, que estão diretamente interligadas. A primeira é que quando houver motivo, se houver, ele falará? Será que a mamãe de nosso tão prodigioso ministro permitirá que ele vá até a TV e diga:
- Brasileiros e brasileiras - em homenagem ao presidente do senado - a gripe Suína chegou com força máxima ao Brasil. Há motivo para pânico, portanto, entre em pânico!
Provavelmente sairíamos todos correndo a procura de máscaras e essas coisas todas. Interessante. Teríamos uma espécie de salvo-conduto já que, em pânico, evidentemente, nossas ações seriam todas minimizadas. Eu provavelmente entraria numa farmácia e diria a atendente:
- Me dê duzentas máscaras e mais dez vidros de perfume. E não vou pagar.
- Mas senhor...
- Não discuta, não vê que estou em pânico?
E o pedido seria perfeitamente natural, já que, ao que parece, a validade do tapa-boca é de no máximo duas horas. E o perfume? Áh, sei lá. Coisas do pânico.
Mas isso tudo são só hipóteses e creio que jamais acontecerá. Não que o vírus não venha com toda a família e amigos visitar nosso paraíso Brasilis, mas simplesmente por que aquela senhora não deixaria seu ministrinho da saúde falar assim. Ela é muito conservadora.
O que não é ficção, infelizmente, é a segunda questão.
Pois um dos tantos entendidos e pandemias que vão à imprensa falar a maldita frase, o fez com um pequeno acréscimo. Eu mesmo presenciei, apesar de não recordar o nome do sujeito. Escondido atrás de alguns microfones e caminhando ao mesmo tempo, este técnico pródigo nas palavras disse:
- Não há motivo para pânico, ainda.
Ainda? Como assim ainda? Vai ter motivo, então? É só uma questão de tempo?
Posso ter entendido errado, sei lá, ou talvez seja minha ficção que está perto, bem perto. Procurei pela web a entrevista para reproduzir aqui, sem sucesso, mas, por via das dúvidas, vou correndo a uma farmácia.
Pensando bem, duzentas nada, quatrocentas máscaras. E vinte vidros de perfume. E cremes para o rosto. Gripes ressecam a pele. Sou prevenido.
Por sinal, prevenir não seria mais sensato?
10 comentários:
o mundo é cheio de pestes e os seus escritos, fantásticos.
sorte e luz.
Já entrei em pânico, Beto. Desde domingo estou acometida de um gripe que me dói até o pensamento. E, em tempos de gripe, assisto TV. E o Fantástico é fantástico. Perdi algumas horas da minha vida assistindo aquele médico falando em transplante e aqueles jornalistas sensacionalistas falando na gripe suína. Eu soube que até o presidente estado unidense abraçou um tal mexicano e fez uma brincadeirinha. Enquanto eles brincam, pessoas morrem. E mais vírus esquistos aparecem. Acho que a culpa é do Lula. Só pode ser. =)
Gostei do texto e concordo com todo o título! O resto, achei uma ótima fábula. Hehe...
Não há mesmo motivo para pânico. Nem para reclamar de todas as medidas do governo até o momento. A gripe, aparentemente, surgiu no México. Ela não se espalhou pelos países afetados espontaneamente; quando os turistas estrangeiros que estavam nessas cidades mexicanas afetadas pelo vírus voltaram pra casa, ela atingiu os outros países.
Nos EUA, foram mais de 2500. Vale lembrar de como é extensa a fronteira com o México, assim como é grande o fluxo de americanos e mexicanos por ela. Hoje, no entanto, já se pode perceber que muitos dos casos registrados fora do México não têm a mesma taxa de mortalidade que teve ali. Aliás, foram 5 mortes (3 nos EUA, uma no Canadá, outra na costa Rica), todos países muito próximos ao México.
Aqui no Brasil, há 8 casos confirmados, menos de 40 suspeitos e um monte de descartados. Tudo que se precisa para diagnosticar, já temos. Tudo que se precisa para tratar, também temos. Aliás, na TV, nos jornais, sites, blogs, enfim, onde você procurar, vai encontrar notícias dizendo que já tem tratamento disponível para mais de 12 mil pessoas no Brasil. Lembrando, só temos OITO casos até agora.
Tudo bem, pode ser que esse número aumente em algum tempo, mas quem já foi diagnosticado, está isolado e se recuperando. Sinceramente, o Brasil é enorme e, francamente, não há, realmente motivo para pânico. Esse 8 ou os outros “suspeitos” teriam que ser ninjas incríveis para conseguir espalhar para outros 190 milhões de brasileiros. Haja espirro pra tudo isso!
De qualquer forma, adorei mesmo a fábula... Daria um ótimo roteiro de cinema!
Muito engraçado o texto que na verdade é um belo tapa na cara.
Adorei.
Beijo grande
Carpe Diem!!!
eu realmente acho que não há motivo para pânico, pelo aqui no Brasil. Existem dezenas de doenças que precisam ser combatidas, e elas passam reto tanto pelos nossos políticos quanto para a mídia. São elas a pobreza, o preconceito, violência, hipocrisia, entre outras. Acho que deveríamos ficar nelas para modelar uma país melhor, e depois, doenças que surgirem serão facilmente combatidas.
hasta!
Nosso ministro deve ficar repetindo essa frase o tempo inteiro porque jornalistas em pânico atrás de uma declaração que deixe as pessoas em pânico não páram de o importunar. Vamos abraçar nosso trabalho, nossa existência.
O brasileiro tem uma capacidade incrível para descobrir exatamente quando precisa começar a se preocupar com algo. Acredito nisso. Em frente.
Ah Beto, deixa de ser exagerado.
Trata-se apenas de uma marolinha.
;)
Por falar nisso...
Alguém aí lembra da dengue?
adoooro, você é otimo.
e tenho uma amiga hipocondriaca que ja foi em varias farmacias perguntar se ja chegou o remedio por aqui. hahaha.
morro de medo enfim.
besos
Atenção: o mundo está acabando, mas há motivo para pânico. Tipo isso?
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