Rir é o contrário de chorar?
O cinema nacional tem evoluído geometricamente. Nos últimos anos, principalmente, vários filmes pipocam aqui e ali com considerável qualidade, conseguindo, inclusive, resultados expressivos nas bilheterias, o que é fundamental. Existem algumas fórmulas verdadeiramente mágicas para o sucesso financeiro de alguns lançamentos. Gente explodindo, por exemplo, sempre dá resultado. Mulher pelada, principalmente as deusas hollywodianas, é dinheiro certo. Corridas fantásticas, efeitos especiais, histórias consagradas ou personagens já conhecidos do grande público, também garantem bons números. Mas e um filme que não tem nada disso? E por aqui, na nossa tão querida terra brasilis? Como sobreviver? Com qualidade, respondo. Qualidade e esmero.
Pois em Divã, José Alvarenga (vários Trapalhões, os Normais e alguns da Xuxa), foi muito feliz dirigindo este longa, estrelado pela excelente Lília Cabral.
A história, baseada na peça do mesmo nome que é inspirada no livro da cronista gaúcha Martha Medeiros, conta de maneira graciosa a vida de Mercedes, uma mulher de meia idade muito especial mas nada muito diferente de qualquer mulher nas mesmas condições, ou seja, de classe média falando-se em dinheiro e posição social e acima da média no quesito inteligência. Seus conflitos, traições e dificuldades, são encarados de maneira leve e divertida, provocando boas risadas, intercalando suas sessões de análise com cenas da própria vida, causando, também, algumas impertinentes lágrimas. Sempre elas.
Acredito que o maior mérito do filme seja a não polemização de temas polêmicos. A maneira branda com que trata o adultério, para pegar somente um exemplo, é excepcional. Com tiradas inteligentes, diminui o "crime" da traição a um prazer, quase um lazer, mas sem deixar de lado as consequências que um fato desses pode causar. A simplicidade da montagem e da própria história também ajudam. Claro, não poderia deixar de salientar os diálogos, dignos de uma cronista do calibre de Martha.
Resumindo: sem explosões, sem efeitos e mesmo que a única mulher pelada seja a própria Lília, todos ao cinema. Não porque devemos prestigiar os projetos nacionais ou qualquer coisa do gênero, e sim porque estamos frente a um filme de qualidade surpreendente e, também, porque será diversão na dose certa.
Mais um motivo? Pois não: Chorar não é o contrário de rir.
5 comentários:
"Chorar não é o contrário de rir."
Não mesmo. Prova disso é que eu consigo fazer as duas coisas ao mesmo tempo! rsrs.
Estou doida pra ver esse filme. Adoro a Lilia Cabral, já vi várias entrevistas com ela onde ela fala do filme e da peça, me deixou bastante curiosa. E só tenho lido ótimas críticas.
Uma pena que o cinema da minha cidade sjea bem fajutinho... Acredito que vou ter que esperar o DVD.=/
vou conferir Beto mas, como Loerena, acho que vou esperar o DVD. valeu a dica! bjs
Bom, eu sou suspeito para falar da Martha, adoro ela, amo as crônicas dela já faz bastante tempo. Quero muito ver a peça e o filme! Agora com sua crítica positiva fico com mais vontade ainda! E tens razão, a qualidade é o que pode salvar o cinema dos clichês.
Quanto ao livro "memória de minhas putas trsites", acho que lemos o mesmo sim, talvez em momentos diferentes de nossas vidas, e isso nos causou emoções diferentes, ou nada mais é do que uma questão de gosto, eu detestei e vc adorou...rs. Faz parte! Mas esse da Martha estou certo que ambos vamos gostar!
Abraços!
Fábio!
Ouvi falar muito bem do filme, e principamente da atuação da Lília Cabral.
Vou ver.
Abraço, Beto.
Continuemos...
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