A Mulher Invisível


Gosto do Selton Mello, do Vladimir Brichita, da Fernanda Torres e, em vários aspectos, da Luana Piovani. Gosto muito do cinema brasileiro, de comédias românticas e acho o tema da esquizofrenia muito interessante. E não gostei de A Mulher Invisível, uma comédia nacional com o elenco de dar inveja descrito acima, que tem como argumento central a alucinação de um romântico inveterado.
Mistério? Nenhum e explico. O filme aposta em clichês o tempo todo. Incansavelmente busca o riso através de cenas mais do que batidas. Além disso, explora demais o que seria a veia cômica do protagonista, o excelente Selton Mello, que parecia uma cópia dele mesmo. Creio que por culpa da direção equivocada, o ator insiste em sons e caretas despropositadas, abusando um pouco, invadindo o perigoso campo do mau gosto. É certo que talento não falta a Selton, mas esse exagero comprometeu seriamente sua atuação. Para quem acompanha o ator, fica fácil identificar neste trabalho traços de personagens de outros filmes, o que também influenciou no desempenho e, claro, na análise. Não poderia ser diferente, isso é imperdoável. A busca do riso não deve passar pelo apelativo, pelo menos em um filme onde a proposta não é o humor pastelão.
Luana Linda Piovani não compromete, mas não entusiasma. O que era para ser uma personagem fantástica, uma mulher imaginária linda, esperta e inteligente, vira uma garota morna, sem picos, a média da média. É certo que ela precisa ser muito bem dirigida para não deixar a desejar, mas no papel de bonita que não existe, também é certo que não precisaria nem de laboratório. Mesmo assim, não estourou.
Vladimir Brichita só não salva o filme porque é coadjuvante. O amigo chato. O cara que não vê a mulher linda. Mas a interpretação é sensacional. Desempenha com muita propriedade e rouba as cenas em que participa. Infelizmente, não o suficiente para valer o ingresso.
Maria Manoella tem também uma atuação satisfatória, assim como Fernanda Torres, porém os papeis periféricos condenam ao esquecimento.
Mas não é só isso. O roteiro e os diálogos são fracos. O filme acontece em slow e esse parece ter sido o propósito. Quando assisti, depois de uns vinte minutos de escurinho, pensei tratar-se de um filme para adolescentes, apesar da lentidão, mas que esqueceram de avisá-los. Não havia nenhum no cinema. Nem velhos. Alguns pouco de meia idade. Enfim, pouco se aproveita do filme dirigido por Cláudio Torres que, confesso, não conhecia. Talvez a falta da escolha objetiva de para que público este filme foi realizado tenha causado o estrago todo.
Sugestão: revejam Pulp Fiction em DVD, um filme nada invisível, com uma das melhores atuações da história do cinema, com John Travolta.
Desculpa a franqueza, Luana.


6 comentários:

Denise Ravizzoni disse...

Eu não veria. Me parece um programa de TV.

Beto Canales disse...

Observação perfeita. Adicionem o comentário da Denise ao texto. hehe

Leandro Noronha da Fonseca disse...

Não dá nem pra comparar Cláudio Torres com Quentin Tarantino. Prefiro o meu sofá quentinho.

Lorena disse...

Eu já estava com os dois pés atrás quando li uma crítica meio que comparando esse filme a Se Eu Fosse Você, que eu não considero nem próximo de uma boa comédia nacional. Depois da sua crítica, não vou nem perder meu tempo.

E, realmente, entre um filme que homenageia/satiriza as histórias absurdas e um que faz da história um absurdo, fico com Pulp Fiction também.

Abraço Beto!

Felipe Lima disse...

Infelizmente, o cinema brasileiro, com raras excessões, ainda não passou da pré-adolecência.

Letícia disse...

Sr. Editor,

Eu sumi, mas volto amanhã pra ler você. Não esqueço meus amigos.

Beijo no coração. =)
hehehehehehe...