Somos estúpidos

Comemoração da queda da bastilha. Qual o principal evento na bela Paris? Desfile militar.
Aniversário da independência de qualquer nação que seja. Desfile militar. Aniversário de ditador. Desfile. Qualquer data comemorativa. Desfile.
Essa prática ocorre aqui, na Europa, África, Ásia, enfim, no mundo todo. E me chateia. Mais que isso, preocupa. Aqueles tanques todos, monstrengos de aço, servem para uma única coisa: matar. Os soldados que marcham cadenciadamente como robôs sem vida, são treinados a exaustão para um só objetivo. Matar, também. Aqueles aviões fantásticos e rápidos, que sobrevoam barulhentos arrancando exclamações de admiração das crianças. Verdadeiras máquinas de matar. E todo o resto, cada veterano, cada homem ou mulher, que desfilam como salvadores, que passam orgulhosos com seus apetrechos assassinos, olhando fixo para frente, estão simplesmente mostrando a capacidade para tirar vidas. Quanto mais, melhor.
Isso é normal? Pôxa, devo ser marciano. Não seria mais sensato que um país, em uma data comemorativa, mostrasse seus cientistas? Ou pessoas abnegadas em fazer o bem, em buscar a cura, em ensinar? Que tal se em troca de canhões e metralhadoras, desfilassem professores, médicos, operários? Pessoas que constroem uma nação. Talvez alguns voluntários em serviços sociais, destes que dedicam a vida para o bem estar dos mais necessitados?
Imaginem a seguinte cena. No meu aniversário, em troca de convidar os amigos e vizinhos para uns petiscos e bebidas, vou para frente de casa de revólver em punho, meu filho com um facão, e ficamos mostrando nosso poderio destrutivo a todos. Certamente eu seria internado e chamado de maluco. Pois não é isso que fazem?
Claro que, infelizmente, os países têm que ter exércitos. Os motivos para isso são inúmeros, entre eles, nossa famosa insensatez. Mas entre ser obrigado a ter capacidade bélica e mostrar isso frente as crianças como fosse algo extraordinário, tem uma distância enorme. E lugar de milico é no quartel. Nem um metro longe dele. Nem um centímetro.
Aí está um problema que não terá solução. Nós continuaremos fazendo paradas com máquinas assassinas e milicos desfilando como herois, frente a criançada.
Resta lamentar ou ir embora para Marte.
Acredito que fazer uma viagem interplanetária, seja mais fácil do que encontrar um pouco de juízo e bom senso em nossos governantes.
Eu, marciano.


7 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional!!!

Donizzete,

Biba disse...

Muito bom! Gostei mesmo. Também me indigno como você. Devo ser marciana também!

Beijos,
Carpe Diem!!

Maverick disse...

Beto voce se ultrapassou nessa ai. Quero ser seu amigo, tenho muito para aprender com voce caramba. Confesso a minha mesquinhes nunca pensei sob esse ponto de vista mas é logico, absurdamente logico. A vaca estava na muinha frente e eu nunca exerguei.
Ja agora a minha nota de agrado para a sua passagem e aqueles avioes fantasticos e rapidos.... sao fantasticos, sao mesmo fantasticos...pena o uso que tem...adoro o voo, acho-o como a mais surreal forma de tocar deus no dedo... ninguem deveria ser privado desse sentir... bora la voar sob paradas e soldadinhosde chumbo... talvez nao em avioes fantasticos e rapidos, mas seguramente em belos e esguios planadores que dancam com o vento sincronizada balsa de amor. Amar e voar, fiquemos no ceu...

Um beijo para ELA
Abraço para voce

Ricardo Valente disse...

Concordo que não precisa. Comemoram algo importante de maneira errada. Os tempos mudaram, mas o SISTEMA não. Cabe a nós, continuar gritando e o mais importante: AGINDO!
Nova revolução sem cair Bastilha alguma.
Abraço, Beto!

Lais Castro disse...

Oi Beto, agradeço por me desejar boa viagem...
Não dá pra falar muito, pois tou numa lojinha inetrnet que tem uma banda larga muito "estreita"... muito lenta mesmo! não tenho paciência! Mas... também sou marciana!
Um abraço.

Silvares disse...

CAramba, esse post dá mais que muito que pensar. Não cabe num comentário.

Letícia disse...

Sou marciana, Beto. Também me sinto dessa forma e não suporto esses desfiles. São decadentes. E, muito embora saibamos disso, governantes também, esses que estão no poder, eles sabem e continuam empurrando essas coisas desnecessárias. É uma tristeza. E creio que professores e cientistas não fazem diferença em uma guerra. E você é o cidadão que reflete.

E por falar em Marte, vi o presidente americano na tv dizendo que a próxima viagem será à Marte. A nova ladainha é essa.