Bolsa família ou bolsa esmola?


Depois do texto aí abaixo, recebi, além de alguns mails de apoio e outros de protesto, dois que tratam do mesmo tema. Chamou a atenção porque fazem a mesma e inevitável pergunta: como é possível eu ser contra um programa que alimenta o povo? Os dois leitores conhecem meu passado "político", é bom que se diga. A bem da verdade, não sou contra absolutamente nada que ajude os pobres, os miseráveis, estando eles no sertão nordestino ou nos arredores das grandes cidades. Além de não fazer oposição, sou a favor. Penso ser fundamental que em um país como o nosso, existam projetos como este. Acredito, mesmo com os desvios (poucos, ao que parece) de verbas e o mau uso do dinheiro por muitos dos beneficiados, na virtude e na eficácia da iniciativa.
Deixando isso claro, vamos ao que considero ruim. E é simples. Sou contrário a forma como esses programas são tratados. Eles, sem dúvida, estão longe de representarem o fim dos problemas sociais. São meros paliativos vistos como solução. Falássemos nós de uma estrada, seriam a operação tapa-buracos e nunca a reforma total, com construção de várias pistas e viadutos, além de asfalto de qualidade. Isso pode causar vários problemas, como o vício, por exemplo. Explico. O sujeito tapa um buraco hoje, outro amanhã e, no inverno, as chuvas acabam levando o asfalto todo. Remendam de novo e de novo e quase infinitamente. O resultado disso é que acaba saindo mais caro e menos competitivo do que se tivessem feito a estrada nova. O princípio do Bolsa Família é o mesmo. O povo ganha farinha e cachaça e dorme feliz de barriga cheia. Acorda e vai trabalhar para que? Vai estudar para que? Afinal, na cozinha ele terá novamente a ração e no bar o "lazer". É um instinto natural, uma consequência óbvia. Tem ainda o outro lado, pior e mais desastroso. O político alimenta o sujeito que come sem trabalhar pela vida toda, e este, como agradecimento, vota no político que novamente acaba dando a comida e assim por diante... Isso é um perigo. Se tem uma coisa que a classe política nos ensinou é que não se pode confiar neles. Pode formar-se um círculo vicioso terrível, perpetuando no poder a politicagem e o assistencialismo, tornando o povo cada vez mais pobre e ignorante.
Por isso defendo que as tais bolsas sejam provisórias, meros atenuantes, mas não a solução. O povo precisa de ensino de qualidade, trabalho, assistência médica, lazer, cultura e não de esmolas. Comecem a investir em projetos educacionais e verão que daqui alguns anos esses programas serão desnecessários. Porém, os mantenham como solução e daqui algum tempo tudo estará pior, com um exército de barrigudos descalços, infelizes e ignorantes, a espera da morte e, claro, os mesmos políticos fazendo farra com nosso dinheiro, como agora vemos "Sarneys e Collors" novamente no poder. A bem da verdade, de onde nunca saíram.
O que tem acontecido? Infelizmente a opção errada, a alternativa do mais fácil. A intenção pode ser boa, porém, se não mudarem a ótica que como tudo isto está sendo visto, o resultado será caótico.
Não quero ser pessimista, mas com o que está acontecendo, estamos fadado a desgraça.
Seremos desgraçados, portanto. Além de desonestos.



6 comentários:

Silvares disse...

É aí que o Brasil é país irmão de Portugal, tamos nessa! Na verdade não é fácil manter o astral lá em cima quando a vida se arrasta entre farinha e cachaça, cá mais em baixo. Pois... olha lá os afegãos, não é mesmo?
:-(

Ricardo Valente disse...

Concordo

Anônimo disse...
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Sueli Maia (Mai) disse...

Beto, dizem que este comentário acima é vírus ou spam, sei lá...
De qualquer modo são tantos os vírus as doenças que as bobagens nos valham ou nos salvemdas bolsas furadas, de bolsos furados e vazios enquanto outros estão cheios e cegos os seus donos.

Vou te plagiar..Plac Plac Plac.
Adoro esta tua escrita.
Abraços,

Leandro Noronha da Fonseca disse...

bolsa esmola, sem sombras de dúvida. é fácil botar na mão do homem uma casa, o difícil é fazê-lo construir uma.

Cícero disse...

Gente, a bolsa família é 65 reais. Ninguém enche a barriga com esta grana. É o projeto social mais sério e importante no Continente...e olha que não foi o Lula ou o PT que inventou isso.