Aviso que não tenho nada para avisar

Droga!

Qualquer pessoa que me conhece ao menos um pouco - já contei isso algumas vezes - sabe que sou muito influenciável. Se bem que, caso você ache que não sou, então não sou mesmo, não mudo de idéia por nada e fico achando que esse negócio de metamorfose ambulante é coisa de maconheiro. Cadeia neles! Mas, se você concordar comigo, então sou realmente um terreno fértil ao novo e mudo fácil como discurso de político, além de achar que esse negócio de metamorfose é coisa de papo cabeça, de intelectual, sem sequer lembrar que para fumar um baseadinho movimenta-se e financia-se o tráfico de drogas, certamente o responsável pela maioria dos assassinatos desta terra brasilis. Enrola logo! Sou assim, decidido, com o detalhe de quem realmente decide são os outros. (Dez contra um como irão pensar "ele está confundindo as coisas: influenciável nada tem a ver alguém que muda constantemente" e mil contra um como eu responderei : "tem sim!")
Escrevi isso para justificar o início do texto, o "droga", que só está ali porque ouvi que não deveria usar palavras de baixo calão em meus escritos. Na mesma hora pensei: merda, que merda!, mas, claro, decidi não usar mais. Por isso "droga" no lugar do que eu queria.
Sabe quando algo fica incomodando, como se tivesse ficado incompleto? Pois ficou assim o que ouvi. Na verdade, não uso palavras desse tipo no dia-a-dia. Não costumo dizer palavrões (exceto quando preciso ligar para uma empresa de telefonia ou vou ao futebol) e nem mesmo palavras mais audaciosas. A lógica é que, se não digo, também não escrevo. Mesmo assim, porém, o assunto ficou chateando como uma lembrança ruim ou uma música dessas de um refrão só, que invadem nossas cabeças e ficam por lá tocando o dia inteiro.

Certa vez entrei em um banheiro de bar, desses que se não pedir copo limpo ele vem sujo, (mas com a cerveja sempre gelada), e vi um cartaz, com uma seta apontando para um interruptor quase imperceptível, escondido atrás do cano que ligava a caixa de água ao vaso, onde estava escrito: "não mexa aqui". Eu jamais o tocaria, afinal, a luz estava acesa e nem mesmo o veria, mas, depois de ler o cartaz, fiquei curioso. Porque alguém mexeria nele? O que acontecerá se eu colocar o dedo? Porque o aviso? Para que serve? Dói? É bom? Voltei ao meu copo e ele continuou com a inquisição até eu não resistir e retornar destemido ao cubículo. Apertei o interruptor que reagiu fazendo um "clic" seco. Passaram-se uns cinco intermináveis segundos e então começou a girar um exaustor velho, soltando ferrugem, mosquitos mortos, baratas e tudo mais, em cima da minha cabeça e rosto. Claro, a pia estava sem água e nem poderia ser diferente. Maldito cartaz.

Contei essa história para ilustrar o que expus logo acima. Se não tivessem me falado a respeito das palavras, digamos, não aconselháveis no jardim da infância, eu não escreveria texto algum usando palavrões, exceto, claro, se fossem absolutamente necessários para a história. Porém, no instante em que assimilei a mensagem, logo depois da minha inusitada reação verbal, a primeira coisa que apareceu na minha desabitada cabeça foi o início de uma postagem com "nome feio", para marcar, desafiar, mas, como perceberam, segui o conselho e resignei-me com "droga".
Conclusão: se um aviso for desnecessário, mais atrapalha que ajuda.
Que m... que droga isso tudo.
Quer saber qual o palavrão que eu gostaria de ter usado?
Nem pensar!
Já vou "avisando": fico vermelho só de imaginá-lo.

6 comentários:

Letícia Palmeira disse...

É sério que te pedem pra não usar palavrão em seus textos? Por que ainda tem gente que se preocupa com isso? E por que colocar um aviso atrás de um cano em um interruptor velho? Vai saber...

Jana Lauxen disse...

Hahaha, ri muito aqui com a história do misterioso interruptor do banheiro porquinho.
Sobre a maconha, hiii, dá pano pra manga.
E segundo você, então, sou maconheira.
Prendam-me se forem capazes, hoho.
Beijo!

Silvares disse...

Tal qual a Lana até soltei uma gargalhada com a historinha do "clic". Fiquei a imaginar o que você dsse debaixo daquela chuva de baratas e mosquitos... "droga, droga, droga"?

Ricardo Valente disse...

Interessante, mas é filosófica a coisa. O mesmo sobre drogas. Por que será que elas existem? O cigarro mexe com o físico e a maconha mais como psíquico, aliena. O que mais mata não é proibido. Questão cultural, educacional, política? Cada um faz sua cabeça, como bem entender e na dose e frequência que quiser. Pecado é julgar, ou melhor, generalizar.

Abraço!
Sempre é um prazer lhe ler, Sr. Barata (hehehehe)

Biba disse...

Muito bom, mesmo!! E você é curioso pra caramba, né? Mexer no interruptor!

Beijo,
Carpe Diem!!

the dear Zé disse...

Olha f***-**. Essa coisa das baratas a cair deve ter sido uma experiência do c******, mesmo de um gajo ficar f***** com a p*** da vida. Há m****s que não dão para aguentar, capazes de fazer perder a cabeça ao mais sisudo.
E concordo, claro, aviso que atrapalha, não é aviso, é uma m**** f***** tão útil como um segundo nariz.

(agora imagina substituir todos os ** pelos "pííís" sonoros da televisão, verdadeiro belogue multimédia...)

Até logo