O verdadeiro significado da Páscoa


Sabem do que lembrei hoje? Do natal. É estranho, porque estamos - analisando de uma maneira bastante singular - distante dele no calendário. E a causa da recordação não foram minhas crendices ou descrenças. Afinal, acredito em papai Noel, aquele do Pólo Norte com renas e tudo mais, da mesma forma que creio no coelhinho da páscoa, com olhos vermelhos e orelhas pontudas, rodeados de ovos da Nestlé.
Alguns boateiros de plantão, impulsionados pelo prazer de gerar pânico, afirmam, sem nenhum escrúpulo, que o coelhinho não existe, que ele nada mais é que o Papai Noel disfarçado. Claro que essa versão maléfica cai por terra facilmente, até porque todo mundo sabe que o bom velhinho passa o ano inteiro construindo brinquedos para distribuir em dezembro pelas chaminés mundo afora. O coitado não pára um minuto sequer. Outros, ainda mais perversos, afirmam que tanto o natal quanto a páscoa tem a vêr com coisas nada telúricas, e sim divinas, com questões de religiosidade e do espírito. Santa confusão! Sinceramente não sei o que passa na cabeça dessas pessoas, que provavelmente ficam muito tempo pensando em como não serem descobertos, enquanto satisfazem seus mais mórbidos prazeres sexuais usando crianças, e perdem a noção da realidade. 
Há relatos de que o chefe sempre soube de tudo o que aconteceu (e ainda acontece), mas, como o manto do deus que defendem com unhas, dentes, dinheiro e muito poder é grande, todos ficam confortavelmente escondidos e protegidos. Se alguém puxa de um lado, descobre apenas os taradinhos das pontas, os mais fracos e pequenos, e tudo segue seu ritmo normal. "Graças a Deus" (com letra maiúscula), certamente diriam. E "quanto custará o tratamento?" certamente dizem e dirão as vítimas.
Voltando, então, ao mote inicial: qual o verdadeiro significado da Páscoa? Já que as teorias acima foram pela sarjeta (de onde nunca deveriam sair), sobra somente a verdade: economia. O aquecimento que traz ao comércio, por consequência à indústria e na ponta final aos governos, é enorme. Todo mundo ganha com isso. Gera empregos, movimenta o setor de turismo, aumenta o consumo, incrementa o setor de serviços e assim por diante.
Os alarmistas boateiros que não estraguem essa festa maravilhosa trazendo à tona suas proibições de sermos saudáveis (o uso do preservativo, por exemplo), suas taras e suas doenças. Deixem seus deuses fora disso. Não estraguem o prazer das crianças não molestadas de comer um ovo de chocolate com ameaças, castigos e humilhações.
Batam nas caras uns dos outros, flagelem-se, masturbem-se e não chamem, como na idade média era comum e parece estar na moda novamente, de bruxos aqueles que não são coniventes com as barbáries feitas em nome de quem sequer pode se defender. Tranquem-se em seus mosteiros,  igrejas, castelos e mansões recobertos de ouro, vistam suas roupas ridículas e chapéus estranhos e murmurem palavras inaudíveis em uma língua morta. Isso é o melhor que pode acontecer. Isso é o melhor de vocês.
Enfim, quero um ovo enorme de chocolate meio-amargo.
Vou devorar, guloso, sem ressentimentos e medo do inferno.
Sem medo algum, é certo. Mas que eu não me engane: com ressentimentos, sim. E muitos.


3 comentários:

Ricardo Valente disse...

Tens razão, é uma data importante, cada vez menos valorizada. O comércio desenvolveu dia disso, daquilo, daquilo outro. Minha mãe há 2 anos reclama que meus filhos não ligam no dia da vovó. Particularmente, dou valor aquelas que trago da infância e mesmo assim... Agnóstico e ignorante. Delirante! (Padres abusadores deveriam ser impalados e expostos em praça pública).

Nem me fala em chocolate...
Bom feriadão!

Jussára C Godinho disse...

Chocolate é uma delícia e não há dia marcado para se saborear delícias! Quanto às pessoas sem escrúpulos, sejam elas religiosos, ou quem quer que sejam são merecedoras de total desprezo.
Gosto de seus textos, têm uma pitada de um tempero muito especial!
Feliz "Chocolate"!
Abçs!
Ju

Daisy Serena disse...

"Se alguém puxa de um lado, descobre apenas os taradinhos das pontas"

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