O mercado editorial talvez seja o mais cruel de todos, por um simples fato: o produto dele pode ser a realização de alguém. O que é visto como mercadoria (e realmente é) pode ser o resultado de anos de investimentos, estudos, paixões. A mórbida simplicidade do faz-vende-lucra passa ao largo de ideologias, sonhos ou qualquer coisa parecida.
Por isto a difícil saga do novo escritor. Entretanto, apesar das dificuldades, convenhamos, muitos têm conseguido publicar e diversos títulos são lançados a cada mês. Mas, depois desse momento, logo após a noite de autógrafos, os valores exorbitantes cobrados pelas distribuidoras e pelas grandes livrarias para comercializar o "produto", tornam impossível a realização de qualquer negócio, principalmente com livros de baixa tiragem.
Resultado: depois de todo o trabalho, o público fica sem acesso ao livro. Isso é ruim, não apenas comercialmente, mas também para a autoestima. Se alguém escreve um livro e não tem o desejo de ser lido, não é um escritor. O propósito é esse. Sem o leitor, não existem autores. E como ter leitores se os livros não são vistos?
Pois aí entra a boa ideia. Uma livraria virtual um pouco diferente. Um lugar onde o autor paga uma taxa para colocar seu exemplar à venda. Só que esta taxa nada mais é do que comprar um livro. Isso mesmo. Compra e coloca o seu para vender. Além de adquirir literatura, imediatamente tem sua obra também à venda, podendo, assim, ser beneficiado pelo próximo autor. O sistema se autoalimenta. Escritor lendo escritor. (Coisa que, por sinal, não é muito comum no meio. Por vezes, a soberba não permite autores conhecerem trabalhos dos colegas, mas isso é outra conversa). Enfim, todos ganham, não só por poder vender, mas também por comprar.
Na outra ponta, o leitor. Ele mesmo, o objetivo final. Porque ele compraria nesta livraria? Qual a vantagem?
Eu poderia comentar diversos motivos. Mas saliento apenas três: o primeiro, é que ele pode ter um livro autografado. Basta querer. Pode, por exemplo, presentear alguém que mora em outra parte do país com uma dedicatória personalizada e sem custo a mais por isso. Não é legal? Outra razão muito importante, é que o dinheiro da compra vai quase todo para o próprio escritor. Para ser mais exato, 85% do que o livro custar. Ganha quem realmente merece. O terceiro motivo é o conforto, segurança e praticidade, iguais, neste ponto, a todas as outras grandes livrarias que existem por aí. Ambiente seguro, pagamento com cartões ou boleto bancário, estas coisas.
Então, deem uma olhadinha lá clicando aqui, e prestigiem a literatura nacional. O novo autor. A arte.
Ajudem a mostrar para todos que livros são mercadorias. Mas não somente isso, felizmente.
Sem livros não há futuro!
(Estou em férias - êba!)
(Estou em férias - êba!)
8 comentários:
É isso aí, Beto. Creio que o grande problema não é a publicação da obra, mas a distribuição da mesma. Novos autores, com raras excessões, serão publicados, primeiramente, por editoras pequenas. Essas editoras, por não terem capital para distribuição, limitam-se em simplesmente "imprimir" o livro, e o autor que "se vire", vendendo pela internet, telefone, etc... O resultado é que a obra acaba sendo conhecida somente por familiares e amigos.
Não creio que essa Livraria virtual vá dar cabo ao problema, mas enfim, ao menos é uma iniciativa, e tem de ser apoiada.
Abraços!
É uma boa notícia. Conte comigo para "consumir" essa gente nova na literatura.
Aí, sim, fomos surpreendidos novamente...
Obrigado Zé, Onofre e Fabrício.
Parece ser algo onde todo mundo ganha. Isso é raro.
Boas férias Beto.
:-)
Já voltou das férias, vagabo colorado?
Eu li. E concordo com seus comentários acerca de escritores. Darei uma olhada na livraria.
E volta logo a escrever. Escritor não tem férias.
Bjo.
Li esse teu texto no miscelânia e realmente é uma iniciativa importate (o empreendimento em si) excelente notícia que você nos traz.
Vou olhar isso de perto (risos)
beijos, Beto
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