Sucesso com as Mulheres


Todos passamos ou passaremos por uma idade em que tentamos impressionar o sexo oposto. (Nunca entendi bem esta história de oposto, afinal, quer dizer "que se opõe", e eu, de maneira alguma, me oponho às mulheres. Longe disso. Então, porque, afinal, estou usando essa palavra?) Vamos lá: todos passamos ou passaremos por uma idade em que tentamos impressionar o outro sexo. (Melhorou um pouquinho. Neste caso, o outro sexo são as mulheres porque sou homem. Mas, que obrigação tem o leitor de conhecer minha masculinidade? Nenhuma! Portanto...) Última chance: todos passamos ou passaremos por uma idade em que tentamos impressionar, no meu caso, as mulheres. (Deu certo? Deu). Esse tempo varia muito conforme o amadurecimento do sujeito e até do grau de inteligência. Em alguns casos, passa logo. Em outros, vai junto para o caixão. Esse último deve ser o meu caso.



Ainda era um guri, um menino na flor da idade, mas já contava tal idade através das décadas, quando convidei uma "amiga" para jantar. (Notaram as aspas? Pois é. Ela nunca foi e nunca será minha amiga. E o pior: nunca será, depois daquela fatídica noite, "amiga" também. Algo como aquele legume chamado Couve de Bruxelas, que não é couve, e muito menos de Bruxelas). Continuando: já no caminho para o restaurante comecei a exibição, afirmando que comia de tudo. Que comida para mim (já contei aqui, em outra ocasião, esta maravilhosa frase que aprendi com um tio), divide-se em três tipos: as que eu gosto, as que eu gosto muito, e as que eu simplesmente não resisto. Isso, a meu ver, impressiona as mulheres ao máximo. Elas devem me enxergar como um cara selvagem, forte, destemido, sem frescuras mas, ao mesmo tempo, requintado, porque, afinal, estávamos indo a um Restaurante Francês. Quem, exceto nós, os verdadeiros homens refinados, frequentam esse tipo de restaurante? Claro que para completar, contei também de algumas alergias que tenho. Mulher também gosta de ouvir sobre doença. Revelei que não podia com cerveja quente, tinha até convulsões só de pensar, e tomates. Sim, eles, vermelhos e bonitos. Esbeltos, prontos para terminar comigo. Morte aos tomates.
Pronto. Calculei que depois das revelações ela já estaria impressionada e bastaria, então, mostrar naturalidade no tal restaurante.
Chegou o garçom. Aqueles com cara do amigo-da-onça que têm os olhos semicerrados e sobrancelhas finas. Parou no meu lado. E ficou ali, como uma estátua de bronze: imóvel e frio. Peguei o cardápio e, para não errar na pronúncia, fui passando o dedo para que ele falasse o nome dos pratos. Nada. Fui descendo para o segundo, o terceiro, e nada. O cara mais calado que corinthiano falando de libertadores.
Começou a bater um desespero, minha "amiga" iria perceber que, além de não frequentar aquele lugar, não conhecia nada da culinária francesa e, pior de tudo, que eu era um grosso. Minha noite estava em perigo. Segui descendo o dedo, exclamei uns "talvez esse" e alguns "óhhh", até que parei e apertei onde estava escrito Bouillabaisse. Encarei aqueles olhos frios e sem piedade até que o homem falou em um francês irretocável. Algo como bui-a-des-ce. Sorri, repeti o nome com naturalidade e comentei que nosso jantar seria inesquecível. E foi. Naquele instante, comecei a planejar coisas práticas, como no apartamento dela ou no meu, onde estava o preservativo, esses detalhes, enfim, naturais aos homens de sucesso entre as mulheres. Minha empolgação, porém, durou até a chegada do prato, que nada mais era do que uma sopa de tomates, sim, eles, tomates, com peixes.
Preciso contar o final?


Um comentário:

Silvares disse...

Por acaso fiquei um pouco decepcionado por esta história acabar como peça de arte contemporânea... eu gostava de ouvir (ler) o final. Não estou satisfeito com os finais que fui imaginando!
:-D