Têm pessoas, e eu admiro isso, que não morrem, vão embora. Simples assim. O cara tá deitado, dormindo, e esquece de abrir os olhos: bingo. Morreu! Não sei se há relação com o tipo de vida ou com o grau de desenvolvimento, mas é certo que eles existem. O último que partiu foi Dorival Caymmi, a meu ver, um mágico preguiçoso. As músicas dele pareciam estar em um compasso de espera, suspirando, descansando. Vejam o que falo:
"Eu vou prá Maracangalha
Eu vou!
Eu vou de uniforme branco
Eu vou!
Eu vou de chapéu de palha
Eu vou!
Eu vou convidar Anália
Eu vou!
Se Anália não quiser ir
Eu vou só!Eu vou só!
Eu vou só!
Se Anália não quiser ir
Eu vou só!
Eu vou só!
Eu vou só sem Anália
Mas eu vou!...(3x)
Eu vou só!...(16x)"
Genial. Observem a quantidade de repetição dos versos finais, lembrem da cadência, do ritmo. E a letra? Ele vai para Maracangalha e vai convidar Anália. Caso ela não queira ir, ele vai só. Ponto final! Dado o recado, inclusive com as intenções explicitadas no uniforme branco e no chapéu de palha. Pois este mesmo cara foi embora, um pouco adiante de Maracangalha, e saiu sem se despedir. Talvez por que volte logo. Tomara!
2 comentários:
Genial!
bjks
Obrigado Carmencita.
Beijão
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