Risos

Não confio em que levanta pela manhã e imediatamente põe óculos escuros. É estranho. Não tenho, claro, nada de concreto contra estas pessoas, mas... Ou quem cumprimenta com a mão frouxa, assim, de leve, como se fosse machucar, com o pulso dobrado. Também não. Mais uma categoria: quem não ri. Eu conheço uma pessoa assim e não confio nela. Quando estamos juntos, fico na espreita, observando. A qualquer momento, sei lá, ela pode me atacar com uma mordida no pescoço ou começar a recitar um trecho de Brida do Paulo Coelho. Ou, pior ainda, ler, aos gritos, um livro de auto ajuda. Espero qualquer coisa de uma pessoa que não ri.
Pois ontem mesmo aconteceu o inverso. Um leitor escreveu dizendo que eu estava muito mau humorado. Que meus textos, há tempos, estavam rancorosos e pesados. Que antes eu escrevia algumas crônicas engraçadas e devia fazê-las novamente. Enfim, que ele gostava de rir. Fiz um exercício de memória para recordar o que havia escrito de risível, e lembrei de duas placas. Uma dizia "O Bar do Alemão avisa que não está aberto por que está fechado" e a outra, que eu mesmo vi, assim: "Banheiro exclusivo somente para clientes e não clientes". Peço desculpas aos leitores antigos por estar repetindo, mas, creio, elas devem ser o ápice do "engraçado". Cada vez que recordo eu dou risadas como dei na primeira vez que as vi e, por isso, creio ser válida a repetição. É estranho como as pessoas se comportam diante de situações inusitadas. Na verdade, é curioso observar como o riso surge. Eu, quando vi as sensacionais mensagens descritas acima, quase enfartei. Foi um riso volupioso, incessante, desvairado. Cheguei a cansar. Para muitos, podem passar despercebidas.
Dia desses contaram-me o seguinte: um russo (é que temos leitores lusitanos) resolve suicidar-se e acaba matando o irmão gêmeo. Não vou exagerar: ri dois dias. Dormia e levantava (sem óculos escuros) rindo. Almoçava, trabalhava, lia jornal, sempre rindo. Aí, encontro alguns amigos atrás de copos de chopps, todos felizes e etilizados, em um ambiente perfeito para contar uma piada e, como deve ser feito, começo relatando como fosse verdade:
- Vocês lembram do Joaquim e do Manoel, os gêmeos?
- Sim, que tem?
- É que o Manoel resolveu cometer suicídio e acabou matando o Joaquim.
Vinte segundos. Foi o tempo que demorei para perceber, entre minhas gargalhadas, que ninguém mais havia sequer sorrido. Olhei um a um nos olhos e sentenciei:
- Vocês, além de burros, beberam pouco - e imediatamente falei de futebol.
Concluindo: fazer graça não é fácil e depende muito com quem lidamos. Fazer chorar é barbada, mas o riso, áh, este é terrível! Por isso admiro pessoas que dão risadas. Gosto delas.
Enfim, vou incluir meus amigos na categoria dos que não riem.
Não à toa sempre desconfiei deles.

10 comentários:

Anônimo disse...

Muito engraçado!!!
Jairo Menezes

Letícia disse...

Eu gosto de seus textos. Não me importa que sejam mal humorados, engraçados, Maitenianos, cimatográficos e por aí vai. Acho que leitores se incomodam demais e acabam travando o processo de criação. Esse tal de "escreve assim, escreve assado" mata qualquer um que tente escrever. Não sai nada. Acho que a gente precisa de liberdade para escrever de qualquer forma.

E não suporto gente que aperta a mão sem vontade - parece que tá com preguiça ou nojo. =S

E beijos para você, Sr. Humorista Literário.

Beto Canales disse...

Textos Maitenianos...

Adorei...

Angela disse...

Adoro as placas. Elas são um universo à parte. Meu ataque de riso foi numa que dizia assim, pendurada numa porta de garagem fechada: "Estou no cemitério Santa Madalena. Vivo." Não é hilário?
Angela

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

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Sueli Maia (Mai) disse...

Eu gosto sempre e nesse, eu ri.
Mas me dá aflição quando não vejo o
- olho - que está por trás de óculos escuros...
Gosto de ver claras em neve e gosto de suspiros com verdade...

Abraços,

Maverick disse...

pois é beto, voce tem lusitanos mesmo... ouvi dizer que brasileiro tem mania de fazer piada facil com portugues... faz lembrar aqui o meu time rival de futebol tambem nao para de fazer piada frouxa com a minha equipa... mas isso tem explicação eles sempre perdem ehehehehehehehe

voce acha que essa treta da piada ao portugues tem que ver ainda com complexo de inferioridade? ue ja passou um tempão desde os descobrimentos certo?

bah, meio a justa, mas voce se safou

abraço para voce, beijos para ELA

fab disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fab disse...

Aperto de mão de mulherzinha: é falta. Carranca séria e vazia: é falta. Bom dia de canto de boca: é falta. Sei lá, as pessoas deveriam trepar mais