Texto confuso e pertinente



Se existe algo que me encanta é como os leitores recebem os textos. Basicamente existe o que o autor pensou em escrever, o que de fato ele escreveu, o que o leitor leu e o que foi entendido após a leitura. De forma abrangente, esses são os quatro estágios existentes. De maneira bem sucinta, o que o leitor lê não é o mesmo que o autor escreve. E isso faz com que um mesmo texto produza consequências antagônicas, que vão desde a ameaça de morte até os parabéns. Claro que o meio cultural e social, além do intelecto do sujeito são, também, partes determinantes. Outros fatores influenciam de maneira menos contundente, mas não desprezíveis, para a formação do que vem por aí.
Como não sei o que passa na cabeça do meu leitor, vou usar meu próprio "desertão" para analisar esse curioso fenômeno.
Enfim, eu, como leitor, penso que... Reticências, para ocultar propositalmente alguma intenção e, como estou a ponto de fazer áhhh, ponto de exclamação! Abre parênteses (coloquei as duas palavras aí ao lado para justificar os parênteses, portanto, sem mais necessidade, fecha parênteses) e, enfim (novamente?), ponto final. Mas, sem dizer o que eu penso como leitor?
Pois é disso que eu falo. Jamais ameaçaria alguém por escrever algo que não concordo, não entendo ou não conheço, e nem faria elogios rasgados a textos que primam pela ironia e não dizem muito. Até porque não querem mesmo dizer. Essa é a ideia. Textos que são meras brincadeiras, pequenos jogos de palavras que, das duas uma: ou provocam um sorriso ou um clic no x acima à direita.
Sendo explícito: aconteceu comigo, aqui, agora. (Ainda existe isso?) Fui elogiado por um texto onde fiz alguns trocadilhos e recebi a sugestão de escrever sempre daquela forma. Claro que fiquei "todobobo" com a bondade da leitora, uma pessoa bastante especial e importante. Reafirmo, porém, que isso não é possível. Ironizar, em literatura, com conhecimento de causa, é coisa de gente grande. Sinceramente não sou capacitado para tanto. A outra questão é a ameaça. Novamente os adeptos de algum deus nada bom mandam mensagens afirmando que receberão "reforços divinos" para fazerem eu me calar. Certo. Eu vou fechar minha boca. Ou paralisar meus dedos. Mandrake!
Mas, antes, deixem-me comentar a mais nova acusação do Vaticano, que afirmou com todas as letras que o problema da pedofilia entre os padres era culpa do homossexualismo. Certo, certo. Os padrecos - desculpem a vulgaridade - estão "comendo" até amiguinhos imaginários e a culpa é dos gays. Sei, sei. Seria interessante lembrar também alguns jogadores do Santos, (se não cometo injustiça o Robinho, Neimar e um zagueiro, creio que Ganso) ficaram dentro do ônibus enquanto o time todo fez uma visita de cortesia a uma casa que cuida de crianças excepcionais. Motivo? A administração, ou a mantenedora, sei lá, era de outra religião. Claro que eu na minha enorme estupidez, com os parcos recursos do meu "desertão", pensei: mas o que as crianças têm a ver com isso? Quando fiquei sabendo dessas duas situações meu sentimento foi um só: nojo! Com ponto de exclamação e tudo.
Enfim, cara leitora generosa e caro ameaçador covarde, sem ironias ou joguetes gramaticais, eu "vos" digo: não sou sempre irônico porque não sou capaz, mas continuarei criticando essa bandalheira e sem-vergonhice em nome de quem sequer se pronuncia, porque para isso eu tenho capacidade.
Amém.



11 comentários:

Lais Castro disse...

Amém Beto. Vc. sempre muito coerente e contundente.
Pois, faz tempo que não passava por aqui , espero que esteja td bem com vc.
Abraço.

O que elas estao lendo!? disse...

Oi Beto, prazer em te conhecer.

Vim te avisar que o Edu do blog Varal de Idéias fez uma caricatura tua super linda.

O link está aqui:

http://vtmadaquinta.blogspot.com/2010/04/111-vitima-da-quinta.html

Toda quinta feira, ele homenageia alguém que ele encontra na blogesfera. Observe o link, vc é a Vitima nr. 111;

Passe por lá para brincar conosco, mas nao entre com seu link, antes de postar seu comentário, clique em "anônimo", vc vc poderá ir dando dicas para as pessoas que estarao deixando um comentário.

Um abraco Georgia

Letícia Palmeira disse...

Amém.


Gostei muito. Falou o que penso quanto ao fato de escrever, ser lido, ser elogiado ou ser ameaçado de crítica de quem não leu direito ou não entende. É confuso isso de escrever e ser entendido. Será que todo texto terá que ser ilustrativo a ponto de dar dicas ao leitor sobre o que diz? Vai saber. Eu continuo acreditando que literatura é coisa para poucos bicos.

E essa de padre culpar homessexual ou sei lá quem, é triste. Alguém tem que servir de bode expiatório. Eles que se salvem.

Amém de novo.

Onofre Dias disse...

Amém...
"Padrecos comendo até amiguinhos imaginários..."
hahaha ganhei a semana....

Wilson Torres Nanini disse...

Beto, desde que descobri seu blog, me tenho deliciado com seus maravilhosos textos, não tendo achado neles qualquer índicio de mal-feitoria. Muito pelo contrário: acho importante manifestar seu grito, riso ou ironia, a um só tempo, ou cada qual a seu tempo, como vc tem muito bem manejado.

Quanto a seu texto, estou contigo, pois a religião perdeu a espiritualidade, e há algum tempo já acho que ela não tem razão de ser, nest nosso mundo onde as relações sinceras são um preceito mágico de nos adaptarmos às nuanças de que a vida se faz.

Forte abraço! E continue firme e forte!!!

Selena Sartorelo disse...

Olá Beto,

Cheguei aqui por conta da vítima da quinta, mas sem rimas ou trocadilhos fui completamente absorvida pelo que li e não consegui sair daqui sem antes tentar inferir o teu pensar.
Em momentos concordei,noutros questionei, seguindo por um texto rápido e bem pensado e pelo seu ponto de vista explicado. Escrever sem saber escrever, ou pensar para dizer? Não sei te responder, pois eu certamente não aprendi essa arte fazer. Ficar atenta na hora de ler e perceber quais eram os ânimos do que o escritor queria dizer. Perceber o que às vezes é dificil de entender. Sei o que digo mas não nego que não sei escrever, por isso não obrigo ningém a me ler, pois sei sempre o que quero dizer. E mesmo sem esse citado saber, é escrevendo que expresso o que sinto a minha maneira de também ser.

Quanto ao Vaticano não li o que escreveu, nem o que por eles foi dito,mas penso que seja lá o que tenha sido nada justifica a pedofilia e para isso não tem perdão então devo mesmo sem saber concordar com você.

Desculpe o extenso comentário

Sylvia Araujo disse...

hahaha bendita voz que não se cala!
Adorei a dinâmica do teu texto.

Beijoca

Mínimo Ajuste disse...

Olá. Vi que você está entre os seguidores lá do blog. Estou aqui retribuindo a visita. Seja muito bem-vindo ao Mínimo Ajuste. O seu blog é bastante interessante e muito bem escrito. Uma das coisas que me fascina em uma literatura é exatamente tentar descobrir se a intenção do autor está se realizando na minha leitura ou se peguei o bonde para outra esquina. Não deixa de ser uma viagem sem resposta, mas, de qualquer forma, é divertido. Um abraço. Bípede Falante.

Anônimo disse...

La ringrazio per intiresnuyu iformatsiyu

Anônimo disse...

leggere l'intero blog, pretty good

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny